Classe C prefere Geise Arruda à Gisele Bündchen e Juliana Paes (parte 1)
07 de dezembro de 2011 às 15:50 2 Comentários
O Renato Meirelles, do DataPopular, foi um dos palestrantes do evento realizado pela Altercom na segunda-feira. Sua apresentação foi devastadora. Desnudou o preconceito da “nossa elite branca e sanguessuga” – quem disse isso foi o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo. E também mortal em relação à forma como a nossa mídia (jornalismo e publicidade) caracteriza o Brasil.Antes de qualquer coisa, Meirelles posicionou o que se considera Classe C no Brasil. Há duas faixas. A C1 é de renda familiar de R$ 3.379,08. Neste caso, a variação da renda por pessoa é de R$ 770,50 a R$ 1.249,99. A C2 tem renda familiar de R$ 1.829,18. Por pessoa vai de R$ 291,00 a R$ 770,49.
Claro que vai aparecer um sabichão da nossa “iliti” pra afirmar que quem ganha isso só é Classe C num país pobre como o Brasil. Que nos EUA um sujeito com essa renda é miserável. Mas pra isso o Renato Meirelles tem uma resposta na ponta da língua. A Classe C estadunidense é mais rica que 92% da população do mundo. Ou seja, não pode ser padrão universal. E a Classe C brasileira? Aí vem a surpresa. A Classe C brasileira é mais rica do que 62% da população do mundo. E agora, quem vai brigar com os números?
A pesquisa do DataPopular tem uma quantidade de outros dados interessantes, mas antes deles vou apresentar a história que justifica o título.
O instituto fez um levantamento com mulheres de Classe C apresentando três siluetas de mulheres. O número 1 era o da Gisele Bündchen, o 2 o da Juliana Paes e o 3 o da Geise Arruda. As perguntas eram: 1) Qual o corpo mais bonito?, 2) Qual o corpo mais atraente e 3) Qual o corpo você gostaria de ter?
Deu Geise Arruda disparado como você pode ver na ilustração abaixo. Aliás, quando o assunto é que corpo é o mais atraente ela meteu 72,2% a 5,3% na coitada da Gisele Bündchen. Mas por que o padrão de beleza das novelas e da publicidade é o da magrela da Gisele?
Porque quem desenha o mundo ideal para todos os brasileiros é a “iliti” da Classe A, que nos diz, entre outras coisas, qual o padrão de beleza que deve ser adotado por todas as mulheres do país. Ou seja, o do magrelismo.
Mas a pesquisa do DataPopular traz outros dados relevantes. De cada 10 brasileiros que entraram na Classe C nos últimos anos, três eram nordestinos. Dá pra entender porque o governo Lula foi tão bem avaliado na região. Mas o Nordeste ainda é a área que tem o maior índice de habitantes nas classes D e E, 55%. No Norte é 45%, Centro Oeste, 26%; Sudeste, 21% e Sul, 19%. Ainda há muito espaço para ascensão social nas regiões Norte e Nordeste.
Mas o que você acha que a “iliti” pensa da Classe C?
O Renato Meirelles também pesquisou isso com 18.365 das classes A e B:
55,3% os produtos deveriam ter versões para ricos e para pobres;
48,4% acham que a qualidade dos serviços piorou com o maior acesso da população;
62,8% se incomodam com o aumento das filas originados pela ampliação do acesso;
49,7% preferem ambientes com pessoas do mesmo nível social;
17,1% acham que todos os lugares deveriam ter elevadores separados (para ricos e pobres);
26,4% acham que metrô aumenta o número de pessoas indesejáveis na região;
17,1% consideram que pessoas mal vestidas deveriam ser barradas em certos lugares.
Essa Classe C vai consumir em 2011 aproximadamente R$ 1 trilhão e por conta dela a economia do Brasil não vai à breca.
Amanhã à tarde publico a segunda parte deste post.
PS: Como em inglês o “e” tem som de “i”, “iliti” fica mais adequado ao topo da pirâmide brasilei
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