O caos da informação
Enviado por luisnassif, qua, 14/12/2011 - 08:00 Coluna Econômica - 14/12/2011Conversava a pouco com um executivo com bela sensibilidade para as mudanças que ocorrem na mídia - com o advento da Internet e a explosão das informações em escala mundial.
Dizia ele que, com suas qualidades e defeitos, havia um mundo organizado na velha ordem, conduzido pela chamada velha mídia. Cabia aos veículos o filtro das notícias, tanto do ponto de vista de veracidade quanto da linha ideológico/política de seus leitores.
A Internet virou esse mundo de pernas para o ar, como se seu caos contaminasse também a estrutura da velha mídia.
Hoje em dia a velocidade exigida pela Internet contaminou todo o noticiário, criando enorme dificuldades para apurar com tempo as notícias, separar as verdadeiras das falsas, montar reportagens investigativas de fôlego.
Mas há um pano de fundo para isso, pelo menos dois fatores que ajudaram a conturbar mais ainda o ambiente midiático.
O primeiro, a tentativa de alguns grandes grupos de mídia de atuarem politicamente.
Em momentos mais equilibrados, tem-se jornais com simpatias por um ou outro partido. Mas os valores, conceitos, plataformas são dos partidos. Os jornais limitam-se a dar vazão a esses princípios.
Ocorre que a falta de discurso da oposição, a frustração representada pelo candidato José Serra deixou uma mídia armada, mas sem discurso. A alternativa foi a denúncia permanente como ferramenta política, mas não a criação de um novo modelo, uma nova utopia que sensibilizasse o leitor..
Acima dos partidos, no entanto, há uma perda de discurso mais disseminada, a do modelo financista que entrou em uma lenta agonia após a crise de 2008.
Era esse modelo de articulação que permitia definir palavras de ordem, desfraldar bandeiras, unificar discursos.
Os conceitos nasciam nos grandes intelectuais de mercado. Depois, eram disseminados pelas cartas econômicas das grandes instituições novaiorquinas e pelo FED (o Banco Central dos EUA). Chegavam aos países periféricos através dos departamentos econômicos internos dos bancos e, dali, para a imprensa financeira e, depois, para os partidos e para as políticas econômicas nacionais.
Conceitos como estado mínimo, privatização, desburocratização, redução de programas sociais nasciam e se propagavam através dessa corrente. Assim como a utopia de que fazendo “a lição de casa” se chegaria à prosperidade eterna.
Em um primeiro momento, significou a abertura e modernização de muitas economias. Depois, seguiu-se a era dos exageros, na qual confundiam-se interesses de mercado com interesses de país.
Com a crise de 2008, todo esse sistema de articulação entrou em crise. O pêndulo volta-se de novo para o estado de bem estar social, mais intervencionista. Mas tem-se, ao mesmo tempo, estados nacionais desarticulados e sem condições de arcarem com o custo das aventuras anteriores.
Todo esse caldo é engrossado pela atoarda que emana da velha mídia, seja no Egito, em Wall Street ou na Rússia.
À falta de uma liderança – como foram Roosevelt, nos anos 40, Reagan e Tachter nos anos 70 -, cria-se o caos e um amplo espaço para aventureiros de todos os níveis.
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