sexta-feira, 16 de março de 2012

Base aliada não pensa no Brasil. Só pensa em emendas e cargos.

Panfleto e desabafo


Paulo Costa Lima, Terra Magazine
“Não é hora de dividir. O mundo se reparte em crises, mas nós temos conseguido crescer.
Qualquer um que tenha vivido a década de 80, de paradeiro total e inflação de até 80% num mês, fica pasmo diante dessa situação de agora, de nossa imunidade.
Pois bem, saímos da década de 80, e da ditadura que até ela se estendeu - construímos um caminho político com democracia e eleição dos líderes.
Temos uma presidente que conta com aprovação de maioria esmagadora da sociedade - e no entanto temos que conviver diariamente com um clima de instabilidade política.
Ninguém agüenta mais essa idéia retrógrada de base aliada cobrando cargos e ministérios de porteira fechada, sem a vigilância da presidência, como teve o desplante de falar um nobre deputado há poucos dias.
É um tapa na cara de todos os cidadãos que prezam a transparência e honestidade, e que apóiam todas as iniciativas da presidente Dilma nessa direção.
Nós, sociedade civil, organizada ou desorganizada, temos de reagir, temos de mostrar aos nossos representantes que, ou eles defendem os princípios de moralidade, ou defendem o Brasil acima dos interesses setoriais, ou estarão fora do jogo.
Precisamos mandar um recado muito claro para a classe política, e para a mídia em geral. Estamos aqui quietos em nossos cotidianos brasileiros, mas sabemos nos irritar, sabemos muito bem quem tem boas intenções e quem deseja apenas levar vantagem. E podemos transformar isso em votos.
O Brasil não fez o esforço que fez, organizou a economia nos anos 90, ultrapassou barreiras impensáveis, trouxe 40 milhões de pessoas para um nível de participação mais decente (ou menos indecente)... para perder o bonde da história e se desestruturar em politicagens insanas.
O recado vale para toda a base aliada. Especialmente os que aceitarem a carapuça e a fama de fisiológicos e oportunistas. Vocês fizeram um pacto de governança, aderiram a princípios que devem nortear o bem do coletivo. Portanto, parem de provocar a nossa inteligência...
Mas o recado vale também para o próprio partido líder, que apesar de nesse tempo de agora poder liderar a narrativa da emancipação e da superação - apesar dessa sorte e dessa nobreza, às vezes se divide internamente, e vez por outra esquece que foram muitas mãos que construíram o caminho até aqui...
E você, caro leitor, saiba que não sou filiado a qualquer partido político. Acho a participação em partidos saudável, e creio que a população devia entrar maciçamente em todos os partidos, para vigiá-los, para guiar as decisões...
Os partidos produzem discursos de análise e de alternativas - expõem trajetórias e símbolos daquilo que podemos abraçar ou deixar de lado.
Neste momento nós elegemos uma presidente, e ela tem se esforçado para desempenhar o seu papel de forma exemplar. Precisamos reagir à altura, e defendê-la... Esse é um ativo que ela conquistou.
Fiquemos atentos portanto - e chega de votar em quem não sabe manter seus compromissos de fidelidade ao bem coletivo, e trata a política como máquina de levar vantagem.”
Imagem: Dilma em sessão no Senado (foto: Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação)

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