domingo, 30 de março de 2014
Pasadena e o jogo sujo da mídia
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A matéria da Folha deste domingo sobre Pasadena é uma obra-prima de manipulação com objetivo eleitoral. O título é “Para entender Pasadena”, só que não explica nada. Não traz nenhuma informação nova. Bloqueia todas as informações, já publicadas inclusive pelo Valor, que pertence ao mesmo dono da Folha, que podem trazer um pouco de luz ao caso.
Por exemplo, o Valor já explicou que a Astra, ao adquirir Pasadena, investiu US$ 300 milhões numa trading criada especificamente para operar junto à refinaria. Essa informação é fundamental para se entender que a Astra não gastou apenas US$ 42,5 milhões.
A Petrobrás comprou a refinaria mais a trading da Astra.
A matéria saiu diretamente da fábrica eleitoral da oposição. É cheia de adjetivos. Não fala nada sobre o funcionamento da refinaria, chamada apenas de “sucata”. Não dá a informação que Pasadena fica no corredor petrolífero mais importante do mundo, o canal de Houston, ao qual é ligada por pipelines aos terminais da baía de Houston que dá no Golfo do México.
Há toda uma logística ao redor de Pasadena que a tornam um patrimônio estratégico para a Petrobrás. Tanto que, quando o mercado começou a farejar que a refinaria poderia ser vendida, por causa das dificuldades financeiras vividas pelo seu proprietário, Henry Rosenberg, especulava-se que seria comprada por uma grande empresa do ramo, como a Tosco Corp., Valero Energy Corp., Ultramar Diamond Shamrock. Ou então a estatal da Noruega, a Statoil, ou o Kwait. É o que diz essa matéria do Oil Daily.
A Folha não se dá nem ao trabalho de publicar dados sobre a refinaria. Seus leitores não são informados sobre a sua capacidade de estocar 6 milhões de barris, nem que pode processar mais de 100 mil barris diariamente.
Outra informação já dada por toda a grande mídia, a de que a Astra investiu mais de US$ 80 milhões para modernizar Pasadena também é escondida.
Ora, se a Astra investiu US$ 300 milhões numa trading que seria (como foi) o braço comercial de Pasadena, e gastou mais de US$ 80 milhões para modernizar a refinaria, então não era uma “sucata”! O leitor da Folha não recebe essas informações.
A Folha também omite de seus leitores a informação de que consultoras internacionais e o Citibank aconselharam o negócio, e que a decisão foi unânime no então Conselho de Administração, inclusive por parte de executivos prestigiados como Fabio Barbosa, hoje presidente da Abril e Jorge Gerdau.
Essas são informações conhecidas e já publicadas na grande mídia, que a Folha omite. Nem me refiro às informações exclusivas do Cafezinho, que traçam um histórico da refinaria, provando que ela sempre funcionou e sempre foi cobiçada pelas empresas do setor.
A Folha capricha na estratégia da manipulação. O valor de US$ 42,5 milhões pago pela Astra é um dado incompleto, porque não fala quanto a belga pagou pelos estoques, omite os US$ 300 milhões investidos na trading, omite os US$ 84 milhões investidos no “revamp” (modernização do maquinário), e ignora os passivos da refinaria.
A baixaria eleitoral já começou
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