domingo, 30 de março de 2014
Mais documentos exclusivos de Pasadena!
Enviado por Miguel do Rosário on 25/03/2014 – 10:41 pm 70 comentários
Documentos obtidos com exclusividade por Cafezinho derrubam totalmente a versão de que a Astra gastou somente US$ 42,5 milhões para adquirir a refinaria de Pasadena.
Este valor não embute a incorporação da dívida da refinaria e, sobretudo, não incluía os estoques.
Um relatório do próprio grupo controlador da Astra, de 2004, revela que foram pagos US$ 42,5 milhões, MAIS OS ESTOQUES.
Trecho da página 60.
Vale observar que os relatórios da NPM/CNP, o grupo da família Frére proprietário da Astra, são cheios de auto-elogios. Eles refletem aquela mania corporativa de maquiar relatórios para agradar os acionistas, valorizar a empresa e justificar os salários milionários auferidos pela diretoria. É ridículo o Tribunal de Contas, na figura de José Jorge (ex-senador pelo DEM), usar alguns adjetivos presentes nesses documentos para dizer que a Petrobrás fez um mal negócio.
Aí eu fui conferir os estoques. Qual a capacidade dos estoques da refinaria de Pasadena? Segundo uma fonte, a refinaria tem capacidade para armazenar aproximadamente 6,2 milhões de barris de petróleo, sendo metade cru, metade derivado. Se um barril de óleo cru vale hoje mais de US$ 100, os estoques de Pasadena podiam valer quase US$ 1 bilhão.
Outra fonte, a Jefferies, informa que a refinaria tem um espaço para estoque de matéria-prima e derivados ocupando 130 acres, ou 526 mil metros quadrados, com capacidade para armazenar 5,8 milhões de barris (metade na forma de óleo cru, metade em derivados).
Só mesmo a nossa mídia para acreditar que uma refinaria situada estrategicamente no corredor petrolífero dos EUA, com grandes pipelines já instalados e conectados aos principais terminais de porto de Houston, e sabe-se lá com quantos milhões de barris estocados, custaria apenas US$ 42 milhões.
Ainda segundo um relatório da Jefferies, no ano de 2004, antes da refinaria de Pasadena ser comprada pela Astra, o mercado especulava sobre outros possíveis compradores. Um possível comprador era a Lyondell Chemical Company, baseada em Houston. A Jefferies então informa que a Lyondell estava tentando levantar, no mercado financeiro, algo entre US$ 200 e 300 milhões para adquirir a refinaria de Pasadena, incluindo os estoques:
A bem da verdade, mesmo que os US$ 300 milhões se referissem às duas refinarias, a maior parte dele corresponderia a Pasadena, que é muito maior que a Tyler e com muito mais estoques. Então se pode afirmar, com alguma segurança, que a Astra pagou, no mínimo, US$ 200 milhões por Pasadena, incluindo estoques. Possivelmente também incorporou a dívida da empresa, cujo valor ainda não consegui entender direito (há documentos conflitantes, este e este), e se comprometeu, segundo algumas fontes, a investir mais uns US$ 80 milhões para bancar a conversão para a nova tecnologia de baixo teor de enxofre.
Isso fora a capitalização da Astra Trading, que seria o braço comercial da refinaria. Segundo o Valor, a Astra alocou US$ 300 milhões com este objetivo. Analisando contratos de venda de refinaria, pode-se ver que essa capitalização costuma ser obrigatória, e consta no próprio contrato.
A Jefferies explica que os Rosenberg estavam ansiosos para vender as refinarias de Pasadena e Tyler, porque o grupo que controlava seus negócios, o Rosemore, havia entrado em liquidação desde 2003. No caso das refinarias, havia necessidade de vender com certa urgência porque elas precisavam se adaptar rapidamente às novas exigências ambientais do Estado do Texas. Pasadena, cuja capacidade de refino era de 100 a 120 mil barris por dia, tinha um prazo para converter suas instalações até 2007. Tyler, com capacidade em torno de 40 mil barris, ganhou o prazo maior, até 2009. A consultora estimava que o custo para introduzir a agora obrigatória tecnologia para reduzir a emissão de enxofre na atmosfera de Houston seria de US$ 33 milhões.
Segundo a Jefferies, as dificuldades financeiras enfrentadas pelos Rosenberg criavam uma oportunidade imperdível para se comprar suas refinarias. Ela estimava que a principal das refinarias da Crown, a unidade de Pasadena, poderia ser vendida por US$ 48 milhões. O preço não incluía os estoques. A Jefferies chegou bem perto. Alguns meses depois, a Crown acertaria a venda de Pasadena para a Astra por US$ 42,5 milhões (sem os estoques!).
Entretanto, como os detalhes da venda nunca foram divulgados, nunca se soube o total investido pela Astra em Pasadena, aí incluindo a incorporação de sua dívida, a conversão da refinaria à nova tecnologia de redução de enxofre e, sobretudo, o custo dos estoques.
Mas agora temos dados para sabermos que o investimento foi muito mais que apenas US$ 42,5 milhões.
O relatório oficial da Astra de 2005 revela que ela pagou US$ 200 milhões por uma refinaria situada em Tacoma (estado de Washinton), de propriedade da US Oil and Refining CO. Essa refinaria tinha capacidade para processar 38 mil barris/dia e possuía um estoque com capacidade para armazenar até 2 milhões de barris (metade de produto cru, metade refinados).
Ora, se a Astra investiu isso por uma refinaria em Tacoma, qual seria o investimento total para adquirir uma refinaria de até 120 mil barris/ dia e com uma capacidade de estocagem de 6 milhões de barris?
É preciso saber exatamente: quanto havia estocado em Pasadena no momento da compra, e qual o valor do barril na hora do fechamento do negócio.
Entretanto, já é possível afirmar com segurança que os adversários da Petrobrás estão usando de má fé quando comparam o gasto da Astra para adquirir Pasadena sem incluir os estoques e sem considerar a dívida, ao gasto da Petrobrás para obter 100% do negócio, incluindo os estoques.
De qualquer forma, o preço pago pela Petrobrás, ao menos pelos primeiros 50% da refinaria, estava em linha com o preço de mercado. Até mesmo abaixo. Os 50% restantes também. O negócio encareceu por causa dos custos processuais, após a derrota da Petrobrás na briga judicial com a Astra.
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/03/25/mais-documentos-exclusivos-de-pasadena/#sthash.0pl6AanH.dpuf
Mais fatos sobre Pasadena que a mídia esconde
Enviado por Miguel do Rosário on 23/03/2014 – 5:59 pm 126 comentários
Acabo de publicar no Tijolaço o texto abaixo, que me custou um domingo inteiro de pesquisa.
Alguns esclarecimentos importantes sobre Pasadena
Agora as coisas ficaram mais claras. Os brasileiros foram enganados mais uma vez pela mídia. As notícias sobre a refinaria de Pasadena trazem informações vergonhosamente manipuladas.
O assunto foi politizado com fins eleitorais, de maneira que o PT tem a obrigação de vencer o seu medo já patológico da mídia e enfrentá-lo de cabeça erguida. Até porque está em jogo aqui muito mais do que o PT. Estão jogando contra a Petrobrás e, portanto, contra a nossa soberania econômica.
Mais que isso, estão tentando passar a perna nos brasileiros e matar vários coelhos com uma só pancada. Desgastar a presidente, tirando-lhe votos, e de bucha forçar a Petrobrás a vender por alguns trocados uma refinaria que, para ser construída novamente, num lugar tão estratégico como o canal de Houston, custaria talvez mais de 2 bilhões de dólares. Talvez muito mais que isso.
Eu tiro esse valor de várias fontes. Em 2003, em sua coluna no Baltimore Sun, o jornalista Jay Hancock estima que construir uma refinaria igual à de Pasadena custaria mais de 1 bilhão. O New York Times, por sua vez, informa que a estimativa inicial do governo do Paquistão para construir uma refinaria de petróleo com capacidade para 40 mil barris por dia, é de 600 milhões de dólares. A construção da Abreu Lima, em Pernambuco, com capacidade de 230 mil barris por dia, está custando US$ 17 bilhões. Qual o objetivo em nos fazer acreditar que uma refinaria situada no coração do corredor petrolífero dos EUA, funcionando a pleno vapor, com capacidade para processar até 120 mil barris por dia, não vale os US$ 1 bilhão pagos pela Petrobrás? Sem contar que, neste bilhão estão incluídos estoques e milionários custos processuais. O preço efetivamente pago pela refinaria foi a metade disso.
Pasadena, aliás, vale mais que dinheiro. Como tudo que envolve segurança energética, ela também possui um valor estratégico e político.
Para adaptar-se às novas exigências ambientais, a refinaria de Pasadena passou a adotar, a partir de 2005, um sistema que reduz drasticamente a emissão de gases poluentes na atmosfera.
A implantação dessa tecnologia pela Astra foi um dos motivos que fizeram seu preço subir tanto de 2005 para 2006.
Uma coisa é comprar uma refinaria com gravíssimos problemas ambientais, trabalhistas e logísticos.
Outra coisa é comprar uma refinaria que investiu mais de US$ 100 milhões para se adaptar às rígidas exigências ambientais vigentes hoje nos Estados Unidos, e que também resolveu suas outras pendências.
A mídia repete que a Petrobrás pagou US$ 360 milhões por uma refinaria que tinha sido vendida por apenas US$ 42 milhões no ano anterior. E aí houve uma incompetência incrível por parte da comunicação da Petrobrás e do governo. O próprio Gabrielli confundiu a opinião pública ao dar a informação, até hoje não confirmada, aliás, por nenhum documento, nem mesmo por um mísero link para alguma reportagem, sem contextualizá-la adequadamente.
Fica parecendo que estamos falando de um carro que alguém compra por 42 mil reais e depois revende por 360 mil.
Refinaria não é carro.
O valor de uma refinaria é medido pelo seu posicionamento estratégico (no caso de Pasadena, ela está localizada no coração do principal “corredor” energético da maior potência do planeta), pelo maquinário usado, assim como pela existência ou não de pendências tributárias, trabalhistas e ambientais.
A Astra comprou uma refinaria cheia de problemas. Pasadena tinha vivido, a partir de meados dos anos 90, a maior greve da história da indústria petrolífera, a qual apenas foi resolvida em 2002.
A poderosa OCW, o principal sindicato de trabalhadores da indústria petrolífera dos EUA, vinha lutando há muitos anos contra a Crown Central Petroleum (nome da refinaria antes de ser comprada pela Astra, em 2005). A Crown era acusada de violar direitos humanos, racismo, poluição, falta de segurança, entre outros problemas.
Em 1999, a estatal petrolífera da Noruega informa que não iria mais trabalhar com a Crown Central Petroleum enquanto ela não respondesse às denúncias.
Todos pareciam odiar a refinaria, e com razão.
A empresa, então controlada por Henry Rosenberg, era acusada de racismo contra trabalhadores afrodescendentes, e de não tomar cuidado para evitar a poluição jogada sobre a vizinhança pobre, a maior parte composta de latino-americanos.
Para piorar, uma série de explosões vinham causando transtornos à refinaria. Só em 2001, foram três.
É preciso considerar todos esses fatores quando se analisa o negócio feito pela Astra no início de 2005.
Sob a nova direção, todos esses problemas seriam resolvidos.
Astra ainda ganharia a sorte grande, na forma de uma tragédia, ocorrida no mesmo ano. Os furacões Katrina e Rita causaram danos a inúmeras refinarias do Texas. Pasadena sofreu alguns danos, mas poucos. Entretanto, com a redução da oferta causada pela paralisação de dezenas de refinarias da região, as cotações do produto refinado disparariam, aumentando exponencialmente o faturamento daquelas que permaneceram em atividade.
E aí entra a Petrobrás na história. O ano é 2006 e o seu presidente era Sérgio Gabrielli.
A Petrobrás ainda vivia a era anterior à descoberta do pré-sal. Mas já tinha planos ambiciosos de expansão internacional.
Quer dizer, à luz dos projetos atuais da estatal, de centenas de bilhões de dólares, o plano de investimento da Petrobrás em 2006, para o período 2007 a 2011, parece até tímido. Em 2006, Gabrielli viaja à Londres, Nova York e Boston para apresentar o novo plano de investimento da empresa.
Segundo esta apresentação, a empresa pretendia investir US$ 75 bilhões no período, sendo US$ 12 bilhões fora do país
Grande parte desses investimentos internacionais seria feito na exploração de petróleo no golfo do México. A empresa esperava aplicar, fora do Brasil, o seu know how de prospecção e exploração em águas profundas. Deu certo. De 2001 a 2005, a Petrobrás vinha anunciando várias descobertas no Golfo.
Comprar uma refinaria nos EUA era um sonho da companhia desde 1999. Com sua entrada no golfo do México, a ideia agora parecia ainda melhor. A razão é simples. A Petrobrás exploraria petróleo e gás no golfo e usaria a refinaria de Pasadena, que tem acesso ao golfo através da baía de Houston, para processá-los e vendê-los ao consumidor norte-americano.
Negócios com refinaria, como qualquer outro do setor de petróleo, sofrem com as variações bruscas de preço. Naquele momento, o preço dos derivados vinha subindo rapidamente, e as perspectivas eram excelentes.
É muito fácil, hoje, criticar Gabrielli e o Conselho de Administração por decisões feitas em 2006. Os anos de 2006 a 2007 foram férteis em decisões que se revelaram, no mínimo, questionáveis, ou mesmo desastrosas, nos anos seguintes. Em 2008, algumas das melhores e mais tradicionais empresas do mundo, como a General Motors e a Lehman Brothers, declaram-se à beira da falência. A primeira é praticamente estatizada pelo governo americano, em mais uma prova de que a ideologia neoliberal é um dogma apenas para economistas subdesenvolvidos. A secular Lehman, por sua vez, vai pro saco.
A utopia hegemônica pós-queda do muro de Berlim, de que um mundo regido pelas leis do mercado e pela competência da iniciativa privada traria uma longa e estável prosperidade, terminou em pesadelo. Governos do mundo desenvolvido tiveram que torrar trilhões de dólares para tampar o buraco deixado pela má-gestão temerária de até então respeitadas corporações privadas.
Em 2008, a crise financeira mundial faz o preço dos derivados de petróleo despencarem, reduzindo a lucratividade das refinarias. É neste momento que a Petrobrás, que vinha descobrindo, sucessivamente, novas reservas gigantes de petróleo em águas ultraprofundas da costa brasileira, decide suspender, por tempo indefinido, seus planos de investir na refinaria de Pasadena. Até então, a Petrobrás planejava investir quase US$ 2 bilhões em Pasadena para dobrar a sua capacidade de refino, dos então 100 ou 120 mil barris para algo próximo de 200 mil barris/dia. O projeto previa a construção de uma nova unidade processadora, dentro da refinaria, voltada para óleos pesados, como é o petróleo brasileiro até hoje extraído nas áreas do pós-sal. Desistiu disso, por enquanto. Paradoxalmente, o pré-sal trouxe um grave problema de caixa à Petrobrás. Para que a empresa possa converter aquele óleo sujo e malcheiroso, situado a milhares de metros abaixo da superfície marinha, em dinheiro para aplicarmos em educação, ela antes tem que investir dezenas ou mesmo centenas de bilhões de dólares em maquinários, plataformas, tecnologia e mão-de-obra. A empresa está numa caça alucinada por recursos, vendendo seus ativos no mundo inteiro, numa tentativa de fazer caixa e focar investimentos nas novas reservas descobertas. Está vendendo inclusive alguns ativos que possuía no Golfo do México.
No momento, a Petrobrás parece não saber o que fazer com a refinaria de Pasadena. Vender agora não valeria a pena, porque não conseguiria o preço que deseja.
Desde 2012, entretanto, o mercado de refino tem melhorado, elevando a lucratividade das refinarias. Em outubro de 2012, o New York Times publicou um artigo cujo título, traduzido livremente por mim, significa: “Refino de petróleo volta a criar fortunas”.
A descoberta de novos campos de gás e petróleo no golfo e no Texas trouxe vida nova às refinarias da região, onde também se localiza a de Pasadena, porque lhes deu competitividade sobre suas concorrentes no exterior. Ao invés de pagar altos preços por petróleo importado do oriente médio, as refinarias texanas agora podem se beneficiar de novos campos descobertos no sul do estado, que lhe fornecem matéria-prima a um custo muito menor. Segundo o New York Times, o lucro das refinarias da região cresceu 400% de 2008 a 2012.
Em julho do ano passado, o site especializado Oil Price fez uma entrevista com Fadel Gheit, diretor e analista sênior de uma respeitada empresa do setor, na qual Gheit afirma que o negócio com refinarias, que durante tanto tempo foi o patinho feio da indústria do petróleo, agora estava se transformando num lindo cisne. O título da matéria vai direto ao ponto: “O negócio com refinaria nos EUA será a gema da indústria do petróleo”. Repare bem o que ele disse: refinarias nos EUA.
É preciso muito cuidado, portanto, para evitar que interesses obscuros utilizem o momento eleitoral para pressionar a Petrobrás a vender uma refinaria estratégica, situada no centro do cinturão petrolífero do país mais rico do mundo.
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/03/23/mais-verdades-sobre-pasadena-que-a-midia-esconde/#sthash.2EdWmxB3.dpuf
Pasadena ainda funciona! Alô Petrobrás, não vai dizer nada?
Enviado por Miguel do Rosário on 21/03/2014 – 6:10 pm 19 comentários
E não é que, nesse tempo inteiro, nem governo nem Petrobrás deram uma informação essencial para se entender o imbróglio envolvendo a compra da refinaria de Pasadena? Ela ainda funciona!
Pesquisei os relatórios financeiros da Petrobrás de 2006 até 2013, e em todos encontrei a informação de que a refinaria ainda está operando e refinando milhares de barris diariamente.
Abaixo, as fotografias que tirei de trechos do relatório que citam a refinaria. Nos primeiros, de 2006, ficamos sabendo que a Petrobrás previa investir bilhões no exterior. Era a estratégia da empresa para fazer frente à falta de novas jazidas no Brasil. Os EUA eram o principal foco da empresa naquela época, com destaque para a refinaria de Pasadena.
Num outro relatório, a Petrobrás informa que previa investir US$ 2 bilhões em Pasadena, para adaptá-la ao refino de óleo pesado produzido no Brasil.
Observe que, no primeiro ano como sócia da Astra na refinaria, a Petrobrás informa que ela processou 90,8 mil barris diários. O que é uma marca ótima para uma refinaria que, dizia-se, tinha capacidade máxima estimada em torno de 100 mil barris.
Em seguida, Petrobrás informa que a sua capacidade de refino de petróleo em instalações no exterior aumentou de 129 mil barris diários, para 214 mil barris, de 2005 para 2006, devido à aquisição de Pasadena.
Os relatórios dos anos seguintes continuam dando notícia das atividades em Pasadena.
Por que a Petrobrás não divulga um mísero gráfico com a produção da refinaria de Pasadena nos últimos anos? O blog da Petrobrás não traz uma informação sobre o assunto. O post de hoje fala apenas da abertura de vagas para “jovem aprendiz” em Sergipe, o que é muito interessante e emocionante, mas não diz nada sobre o ataque especulativo e político que a empresa está sofrendo na grande mídia.
A empresa tem um prédio inteiro, milhares de funcionários e um orçamento de milhões exclusivamente dedicados à área de comunicação e relações públicas, e quem tem de fazer a defesa da companhia é um blogueiro sujo preocupado se terá dinheiro para comprar uma garrafa de vinho para beber com sua esposa à noite?
E os anúncios da Petrobrás vão todos para Globo e Veja, que trabalham dia e noite contra a empresa e contra o governo que a controla.
Oh, vida dura!
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/03/21/pasadena-ainda-funciona-alo-petrobras-nao-vai-dizer-nada/#sthash.jBWUed3E.dpuf
Pasadena e o jogo sujo da mídia
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
A matéria da Folha deste domingo sobre Pasadena é uma obra-prima de manipulação com objetivo eleitoral. O título é “Para entender Pasadena”, só que não explica nada. Não traz nenhuma informação nova. Bloqueia todas as informações, já publicadas inclusive pelo Valor, que pertence ao mesmo dono da Folha, que podem trazer um pouco de luz ao caso.
Por exemplo, o Valor já explicou que a Astra, ao adquirir Pasadena, investiu US$ 300 milhões numa trading criada especificamente para operar junto à refinaria. Essa informação é fundamental para se entender que a Astra não gastou apenas US$ 42,5 milhões.
A Petrobrás comprou a refinaria mais a trading da Astra.
A matéria saiu diretamente da fábrica eleitoral da oposição. É cheia de adjetivos. Não fala nada sobre o funcionamento da refinaria, chamada apenas de “sucata”. Não dá a informação que Pasadena fica no corredor petrolífero mais importante do mundo, o canal de Houston, ao qual é ligada por pipelines aos terminais da baía de Houston que dá no Golfo do México.
Há toda uma logística ao redor de Pasadena que a tornam um patrimônio estratégico para a Petrobrás. Tanto que, quando o mercado começou a farejar que a refinaria poderia ser vendida, por causa das dificuldades financeiras vividas pelo seu proprietário, Henry Rosenberg, especulava-se que seria comprada por uma grande empresa do ramo, como a Tosco Corp., Valero Energy Corp., Ultramar Diamond Shamrock. Ou então a estatal da Noruega, a Statoil, ou o Kwait. É o que diz essa matéria do Oil Daily.
A Folha não se dá nem ao trabalho de publicar dados sobre a refinaria. Seus leitores não são informados sobre a sua capacidade de estocar 6 milhões de barris, nem que pode processar mais de 100 mil barris diariamente.
Outra informação já dada por toda a grande mídia, a de que a Astra investiu mais de US$ 80 milhões para modernizar Pasadena também é escondida.
Ora, se a Astra investiu US$ 300 milhões numa trading que seria (como foi) o braço comercial de Pasadena, e gastou mais de US$ 80 milhões para modernizar a refinaria, então não era uma “sucata”! O leitor da Folha não recebe essas informações.
A Folha também omite de seus leitores a informação de que consultoras internacionais e o Citibank aconselharam o negócio, e que a decisão foi unânime no então Conselho de Administração, inclusive por parte de executivos prestigiados como Fabio Barbosa, hoje presidente da Abril e Jorge Gerdau.
Essas são informações conhecidas e já publicadas na grande mídia, que a Folha omite. Nem me refiro às informações exclusivas do Cafezinho, que traçam um histórico da refinaria, provando que ela sempre funcionou e sempre foi cobiçada pelas empresas do setor.
A Folha capricha na estratégia da manipulação. O valor de US$ 42,5 milhões pago pela Astra é um dado incompleto, porque não fala quanto a belga pagou pelos estoques, omite os US$ 300 milhões investidos na trading, omite os US$ 84 milhões investidos no “revamp” (modernização do maquinário), e ignora os passivos da refinaria.
A baixaria eleitoral já começou
Petrobrás, chegou a hora de usar o blog!
Enviado por Miguel do Rosário on 29/03/2014 – 7:25 pm 12 comentários
O Cafezinho obteve mais documentos inéditos que ajudam a explicar um pouco essa confusão sobre Pasadena.
Antes, um breve comentário político. Permaneço bastante crítico à maneira como a Petrobrás, através de sua presidenta, Graça Foster, vem conduzindo a “crise”. Estendo a culpa à própria presidenta da República. Ambas escolheram a estratégia de sair cortando cabeças à torto e direito, e não estão fazendo nenhuma defesa política da estatal, nem da refinaria de Pasadena. A oposição está fazendo a festa.
A última da Foster foi demitir outro alto executivo da empresa, José Orlando Azevedo, sem oferecer nenhuma explicação. Com isso, a mídia domina a narrativa. Para cúmulo da trapalhada política, o sujeito é primo de Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás.
Ou seja, tá parecendo que a Foster está se aproveitando da crise para fazer um ajuste de contas interno. O blog da Petrobrás continua inerte. Não há informação, então a gente não tem para onde correr senão para a mídia tradicional, que iniciou mais uma campanha de manipulação.
Tenho a impressão que tanto Dilma quanto Foster estão sendo vítimas de seu próprio “tecnicismo”. É tiro no pé em cima de tiro no pé.
A refinaria de Pasadena tem de ser defendida. É coisa nossa. Esse é meu recado como blogueiro político.
Já como blogueiro investigativo, minha função é levantar dados para que as pessoas entendam melhor a conjuntura.
A primeira coisa para entender o imbróglio é partir do início. O que era a refinaria de Pasadena antes de ser comprada pela Astra? Era uma sucata? Estava desativada? Dava lucro? Tinha dívidas?
Como eu ia dizendo, O Cafezinho teve acesso a dois documentos inéditos que nos ajudarão a responder a essas perguntas.
O documento mais recente, de agosto de 2000, é um informe da Golnoy Barge Company, empresa que detinha 14% das ações da refinaria de Pasadena, aos outros sócios minoritários.
O documento fala da preocupação dos sócios pequenos com a gestão de Henry Rosenberg, e seus dois filhos, à frente da refinaria. Eles estavam preocupados com uma operação financeira que Rosenberg tinha iniciado para ampliar sua participação acionária da refinaria e aumentar seu controle sobre ela.
O final da década de 90 tinha sido bem difícil para o negócio de refinaria. Em 1998, a Crown Central (nome antigo da refinaria de Pasadena) havia registrado fortes prejuízos, e ainda enfrentava inúmeros processos trabalhistas.
O segundo documento obtido por Cafezinho é um artigo publicado no Oil Daily, onde se lê que o mercado desconfiava que Henry Rosenberg estava se preparando para vender a companhia. Até aí nada demais, a empresa era dele e ele podia vender quando quisesse. Acontece que ninguém confiava em Rosenberg, nem os sócios pequenos, muito menos os sindicatos.
A matéria informa que a Crown registrou prejuízo de 829,4 milhões de dólares em 1998. Segundo a matéria, parte desse prejuízo se devia ao boicote que os sindicatos vinham fazendo à empresa. Era uma campanha popular. Ninguém queria comprar a gasolina vendida nos postos da Crown. A empresa, por sua vez, atribuía o prejuízo a situação do mercado, e lembrava que todas as empresas estavam amargando prejuízo aquele ano, o que era verdade.
O caso de Pasadena, contudo, era mais alarmante porque Rosenberg, dono da empresa, enfrentava um grave problema de crédito na praça. E não estava conseguindo renegociá-lo junto aos bancos.
No documento de agosto de 2000, da Golnoy Barge Company, somos informados que o mercado de refinaria se recuperou vigorosamente a partir do início da nova década. O faturamento líquido (EBITDALL) da Crown nos primeiros seis meses de 2000 totaliza US$ 66,6 milhões. O lucro líquido no primeiro semestre de 2000 atingiu US$ 5,6 milhões, comparado ao prejuízo de US$ 22 milhões no mesmo período de 1999.
Os sócios pequenos da refinaria dão duas informações que serão fundamentais para a gente entender o preço pago pela Astra em 2005.
A Crown tinha promissórias junto a seus acionistas pelas quais “qualquer um que quisesse adquirir a Crown Central deveria estar preparado para refinanciar o débito de US$ 125 milhões”.
Isso em 2000! Em 2005, esse débito teria subido para US$ 200 milhões, como eu disse em outro post. A diferença é que essa fonte agora é mais oficial ainda. É um documento dos próprios sócios da Crown.
A outra informação importante é sobre os estoques da Crown. A mídia vem repetindo que a Astra comprou a refinaria por US$ 42,5 milhões. Mentira. A Astra começou a trabalhar junto à Crown em 2004. Pagou suas dívidas, comprou seus estoques, e só então adquiriu as ações da refinaria por US$ 42,5 milhões.
O documento da Golnoy nos dá uma ideia do valor dos estoques da Crown no ano 2000. Os sócios achavam que esses podiam ser US$ 83 milhões maiores do que o informado oficialmente pela empresa. Portanto, o valor dos estoques, no ano 2000, eram um valor X mais US$ 83 milhões. Quanto valiam? US$ 100, 300, 500 milhões? A refinaria tinha capacidade para estocar mais de 6 milhões de barris, portanto o valor desses estoques poderia até ultrapassar US$ 1 bilhão.
Por que Pasadena tinha uma capacidade tão grande de estoque? A resposta é fácil. A volatilidade alucinante das cotações do petróleo e seus derivados, fazem com que seja estratégico, para uma refinaria, ter uma boa capacidade de estoque, para ordenar a oferta e evitar vender em momento inadequado.
Na sexta-feira, o Valor confirmou uma informação que eu já detectei em vários documentos, inclusive no relatório da Astra.
“Conforme o acordo de acionistas, ao qual o Valor teve acesso, o prêmio de 20% valeria tanto para os 50% restantes do ativo refinaria, avaliado em março de 2006 por US$ 378 milhões, como para a trading, que tinha preço de referência inicial de US$ 300 milhões, que era o “capital comprometido” pela Astra no negócio até a assinatura do acordo.“
A Petrobrás não adquiriu somente a refinaria de Pasadena. Ela comprou também a Astra Trading, que era o braço comercial da refinaria montado pela Astra quando a assumiu. Essa trading tinha recebido US$ 300 milhões da Astra. Não está claro se esse valor já embute os estoques. E não se sabe exatamente a dívida herdada pela Astra quando assumiu o controle da refinaria. O que se tem certeza é que havia uma dívida de US$ 125 milhões em 2000 e, segundo a Jefferies, US$ 200 milhões em 2003. Como os americanos nunca pagam uma dívida de uma vez, pois os juros lá são muito baixos e todos apenas rolam seus débitos, indefinidamente, é certo que estes deveriam continuar na casa dos oito dígitos quando houve a compra pela Astra.
Portanto, a Astra quando adquiriu Pasadena, investiu US$ 42,5 milhões pelo controle acionário, assumiu uma dívida milionária, mobilizou US$ 300 milhões, comprou estoques, e ainda fez investimentos de quase US$ 100 milhões para modernizar a refinaria. Os documentos da Astra deixam bem claro que a venda decorreu de um “processo”, cujos detalhes jamais foram revelados.
Não sei se houve, como dizem os paulistas, alguma treta em algum momento do negócio. Talvez. Mas pode haver treta na Abreu Lima, no porto de Suape, no Comperj, em qualquer negócio da Petrobrás em qualquer lugar do mundo. O ser humano, infelizmente, é corrompível por natureza.
O importante a saber aqui é que essa disparidade absurda de valores com que a mídia tenta impressionar o cidadão comum não existe. A refinaria de Pasadena sempre valeu um bocado de dinheiro, sempre esteve operante, e possivelmente se revele com o tempo uma excelente aquisição para a Petrobrás.
Outra coisa que é preciso deixar claro é que as cláusulas Put Option e, sobretudo, a Marlim, existiram porque a Petrobrás também tinha suas prerrogativas. Também haviam cláusulas a favor da Petrobrás: a estatal podia “forçar investimentos”, ou seja, podia fazer o que quisesse dentro da refinaria.
Lembro-me que o ex-presidente Lula, certa vez, ensinou que um bom negócio é o chamado “ganha-ganha”. Um ganha e o outro pensa que ganha. Acho que foi exatamente o que aconteceu aqui. A Astra pensou que fez um bom negócio, mas quem agora possui uma refinaria no coração dos EUA é a Petrobrás!
Esta CPI da Petrobrás pode ser uma oportunidade do governo e da estatal aprimorarem suas estratégias de comunicação. Aliás, o que vemos hoje é resultado do fiasco comunicativo da Petrobrás. Os brasileiros não têm ideia do aumento das reservas brasileiras de Petróleo, e do montante que a estatal tem investido no país.
Na propaganda eleitoral, Eduardo Campos fala em “meia Petrobrás”. Todos falam no declínio do valor de mercado da empresa. Mas o que tem efeito na economia brasileira não é o valor especulativo da Petrobrás nas bolsas, e sim a quantidade real de dinheiro que a empresa tem investido no país, o número de empregos gerados a partir desses valores, sem falar nos impostos. Além disso, a Petrobrás continua dando lucro.
Na última vez que a mídia fez uma campanha contra a Petrobrás, a estatal inovou e criou um blog que fez história, rendeu até mesmo teses de mestrado. Foi um sucesso. E agora o blog está lá, às moscas, sem participar do debate político. Neste sábado, após manchete bombástica do Globo, o blog informa que a “Petrobrás patrocinou o Festival de Curitiba”. Legal que o tenha feito, mas alguém entrará no blog da Petrobrás para saber isso?
Por que a Petrobrás não faz um belo infográfico com dados atualizados sobre seu lucro e faturamento?
Ao invés de ocupar o noticiário com demissões talvez desnecessárias, numa lamentável demonstração de medo, porque não aproveita a visibilidade e expõe suas estratégias, aqui, no Golfo do México, em Pasadena?
Enquanto demonstrar medo, a Petrobrás vai apanhar. Ela só vai virar o jogo quando exibir os dentes. Por que não mostra, por exemplo, que paga seus impostos em dia?
Por que não mostra o Darf?
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/03/29/petrobras-chegou-a-hora-de-usar-o-blog/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter#sthash.BXnUqFo2.dpuf
Nome | Tamanho | Data de Modificação |
[diretório-pai] | ||
A história de Pasadena que a mídia não contou, blog Cafezinho, Pasadena 3.docx | 15.7 kB | 30/03/14 12:48:38 |
Argumentos sobre Pasadena. Conversa Afiada. Pasadena 9..docx | 734 kB | 30/03/14 19:09:00 |
As mentiras da mídia no caso Pasadena, Blog Cafezinho, Pasadena 4.docx | 29.9 kB | 30/03/14 12:50:38 |
Exclusivo, Blog Cafezinho, Pasadena 7..docx | 457 kB | 30/03/14 12:56:58 |
Folha envia repórter a Pasadena e descobre, Blog Cafezinho, Pasadena 2..docx | 125 kB | 30/03/14 12:44:34 |
Importante artigo sobre a Petrobras..docx | 66.6 kB | 26/03/14 18:41:37 |
Mais documentos exclusivos de Pasadena, blog Cafezinho. Pasadena 8..docx | 130 kB | 30/03/14 13:00:58 |
Mais fatos sobre Pasadena que a mídia esconde, blog Cafezinho. Pasadena 6..docx | 184 kB | 30/03/14 12:55:25 |
Pasadena ainda funciona,blog Cafezinho. Pasadena 5..docx | 378 kB | 30/03/14 12:52:38 |
Pasadena e o jogo sujo da mídia, blog Cafezinho, Pasadena 8.docx | 12.8 kB | 30/03/14 18:58:31 |
Petrobrás, Blog Cafezinho, Pasadena 1..docx |
Assinar:
Postagens (Atom)