Enquanto houver miséria e opressão, ser comunista é a nossa
opção.
Oscar Niemeyer.
“ Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta,dura,
inflexível,criada pelo
Homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que
encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas
do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o
universo curvo de Einstein”.
Oscar Niemeiyer.
"Sempre
que viajava de carro para Brasília, minha distração era olhar para as nuvens do
céu. Quantas coisas inesperadas elas sugerem! Às vezes são catedrais en
ormes e
misteriosas - as catedrais de Exupéry com certeza. Outras, guerreiros
terríveis, carros romanos a cavalgarem pelos ares. Outras, ainda, monstros
desconhecidos a correrem pelos ventos em louca disparada e, mais
freqüentemente, lindas e vaporosas mulheres recostadas nas nuvens, a sorrirem
para mim dos espaços infinitos."
Oscar Niemeyer.
"Toda escola superior deveria oferecer aulas de filosofia e
história. Assim fugiríamos da figura do especialista e ganharíamos
profissionais capacitados a conversar sobre a vida"
Claro que Londres tem um belíssimo sistema de transporte público, com
metrô cobrindo toda a cidade. E claro que Londres reserva espaço para as
bicicletas, em meio ao trânsito de carros que é – sim – quase tão
caótico como o das grandes cidades brasileiras…
Mas
Londres – que deve fazer uma belíssima (e, pasmem, ensolarada)
Olimpíada - também tem seus problemas. Cheguei na última quinta-feira
por aqui. Vi obras que ainda não estão prontas, e muitas falhas na
sinalização para chegar (de carro ou metrô) ao Parque Olimpíco, onde
fica o centro de imprensa. Mais que isso: os voluntários, que deveriam
ajudar quem vem de fora, são muito simpáticos mas muitas vezes não sabem
indicar o caminho. Mandam a gente prum lado, depois pro outro. E, no
final, a gente tem é que se virar sozinho.
Nada demais. Não tira pedaço. E no segundo ou terceiro dia, todo mundo já está sabendo como se deslocar pela cidade.
Mas, ah se fosse no Brasil…
No
embarque no aeroporto, ainda em São Paulo, eu estava ao lado de um
veterano jornalista, experiente em coberturas esportivas internacionais.
Na fila do passaporte, ele comentava comigo: “não aguento mais esses
brasileiros que, diante de qualquer probleminha, saem dizendo – ah, esse
é o país que quer fazer Copa e Olimpíada…”. E não é que dois minutos
depois, a fila parou e, advinhem – alguém soltou exatamente essa frase…
“Esse é o país que quer fazer a Copa…”
Pois bem, nessa
terça-feira os taxistas ingleses fizeram um protesto na London Bridge. É
mais ou menos como se os taxistas do Rio parassem o acesso ao Pão de
Açúcar. Foi uma tremenda confusão. Os taxistas londrinos estão bravos
por causa das faixas exclusivas para ônibus e veículos credenciados nas
Olimpíadas. Os taxistas londrinos queriam ter o direito de andar nessas
faixas, e dizem que elas foram mal planejadas… A imprensa inglesa cobriu
o protesto, claro. Mas ninguém saiu dizendo: “que vergonha, a
Inglaterra mostra que não tem condição de organizar uma Olimpíada…”.
Hoje,
entre uma matéria e outra, dei uma escapada rumo à Foyles – belíssima
livraria na Charing Cross… Pra chegar até lá, tive que desviar de uma
obra gigante, bem ao lado da estação de metrô em Tottenham Court Road.
Um caos: poeira, marteladas e tapumes travando o caminho.
Duas
quadras depois, outra obra inacabada na praça principal do bairro do
Soho. Os turistas passavam por ali, em meio aos andaimes, e os ingleses
se refestelavam na grama pra curtir o solzinho que finalmente brilhou.
Mal comparando, é como se na véspera da Olimpíada do Rio a praça Nossa
Senhora da Paz em Ipanema estivesse cercada por obras. De novo, ninguém
sai por Londres dizendo: “esse país é uma vergonha, não consegue
terminar as obras a tempo…”.
Na Foyles, a tal livraria, encontrei
um simpático brasileiro trabalhando na cafeteria. E foi ele que me
falou: “essas obras inacabadas, se fossem no Brasil, estavam derrubando
ministro e governador…”
Não sei se chegaria a tanto. Mas sei que
podemos aprender algumas coisas com os ingleses. Uma delas é que não se
faz um evento do tamanho de uma Copa ou de uma Olimpíada, sem cometer
alguns erros.
Precisamos, sim, melhorar os aeroportos e nossa
rede de transporte público para os grandes eventos esportivos. Isso é
inegável. Mas muita calma nessa hora. Chega desse papo furado de “isso,
só no Brasil mesmo…”.
Ah, falando nisso, há uma coisa que NÃO
devemos aprender com os ingleses: jogar os clientes pra fora do
restaurante às 11 da noite (não estou falando dos pubs, mas de
restaurantes mesmo). Dia desses, depois de levar uma porta na cara em
mais um restaurante que estava aberto, mas já com a cozinha fechada,
resolvi perguntar pro garçom espanhol: será que nas Olimpíadas eles não
vão esticar um pouco os horários pra atender a demanda de tantos
turistas e do povo que veio trabalhar no evento? O espanhol sorriu
apenas… E respondeu, numa mistura de castelhano e inglês: “eles aqui na
Inglaterra não mudam as coisas para agradar quem chega de fora; o mundo é
que precisa se adaptar a eles…”
Quem será que está certo? Os ingleses, ou a turma do “ah, isso só no Brasil mesmo”?
Deixo a resposta pra vocês. Agora, chega de conversa. Vou tomar uma cerveja quente ali no pub, antes que feche…
‘É
ingenuidade pensar que tudo acabou’, diz Frei Betto sobre espiões da ditadura
Um dos principais nomes da Igreja Católica
na luta contra o regime militar e ex-assessor da Presidência diz que tem
certeza que o MST está entre os alvos dos militares hoje
Ricardo Galhardo- iG São Paulo |
:
“É muita ingenuidade nossa pensar que tudo acabou”. A frase é
do escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, um dos
principais nomes da Igreja Católica brasileira na resistência à ditadura
militar (1964-1985). Preso entre 1969 e 1974, acusado de integrar a
Ação Popular ao lado do guerrilheiro Carlos Marighella, Frei Betto está
convencido de que os militares ainda agem nos bastidores do Planalto
espionando as mais altas autoridades do país, inclusive a Presidência da
República. Ivan Seixas: 'Nasci na luta', diz ex-preso político torturado ao lado do pai Anivaldo Padilha: Pai de ministro narra como abdicou do filho durante a ditadura militar
Em entrevista ao iG, Frei Betto, que foi
assessor especial da Presidência no primeiro governo Lula, disse ter
alertado o então chefe de gabinete Gilberto Carvalho sobre a
possibilidade de escutas telefônicas no Palácio do Planalto. “Estou
convencido de que isso existe até hoje. Não que eles (militares) estejam
me seguindo ou espionando. Mas tenho certeza que o MST e até a
Presidência da República, sim”, afirmou.
Cristina Gallo/Fotoarena
Frei Betto, que trabalhou na Presidência, está convencido de que os militares agem nos bastidores do Planalto
iG – Como era a atuação da Igreja na proteção dos perseguidos pela repressão? Registros mostram que até bispos de direita como d. Eugênio Sales ajudavam a esconder alvos da ditadura. Frei Betto – A minha pergunta é por que o d. Eugênio (morto no último dia 9, aos 91 anos) fez isso para estrangeiros e não fez para brasileiros? Essa é a minha pergunta. Leia tudo sobre a Comissão da Verdade Entenda: O que é Comissão da Verdade? iG – Existia uma rede de solidariedade na Igreja, uma rota de fuga com conexões no exterior? FB – Meu trabalho principal foi organizar essa rota de
fuga. Mandei umas 10 pessoas. Em geral, sequestradores do embaixador
americano (Charles Elbrick). Ninguém acredita, a repressão muito menos,
mas a verdade é que eu nunca fui na fronteira. No entanto, eu dominava o
esquema da fronteira porque o (Carlos) Marighella tinha me passado como
funcionava. Só tinha que receber as pessoas em Porto Alegre e dar a
dica. Tinha duas passagens. Uma em Santana do Livramento com Rivera, no
Uruguai, e outra em Passo de Los Libres, na Argentina. Então eu tinha
que dar as coordenadas e passar um telegrama em código para a pessoa que
ia ficar lá esperando e já sabia que alguém ia chegar lá com uma
revista na mão, aquelas coisas. E passava. Alguns voltaram. Outros foram
presos no Uruguai, Mas havia muita solidariedade em igrejas, conventos
etc.
Cristina Gallo/Fotoarena
Preso entre 1969 e 1974, acusado de integrar a Ação Popular ao lado de Carlos Marighella
iG – Protestantes e outros grupos religiosos participavam dessa rede de solidariedade? FB – Muito. O pastor Jamie Wright, por exemplo. O irmão
dele foi assassinado, Paulo Wright, líder da AP (Ação Popular).
Geralmente em Igrejas históricas como a Batista, Luterana,
Presbiteriana, Metodista, judeus. Naquela época quase não existiam as
neopentecostais. E todos eles divididos a exemplo da Igreja Católica. iG – Como era lidar com os infiltrados? FB – Era muito difícil. Quando estávamos presos no
Dops, em 1969, havia lá o delegado Alcides Cintra Bueno que era chamado
“delegado do culto” por ser especializado em religiões. Era um homem de
formação católica meio carola, mas torturador. Como ele conhecia muito a
mecânica das Igrejas era o que mais interrogava religiosos. Nós vimos
frades de hábito que eram agentes dele e iam lá dar informação sobre
subversão na Igreja. Além do Lenildo Tabosa que era do Jornal da Tarde,
assistiu ao interrogatório do Frei Fernando e a vida inteira carregou
esta cruz fazendo de tudo para negar. Mas nunca conseguiu convencer,
Fernando viu. iG – Até descobrirem a existência de infiltrados muitas pessoas caíram? FB – Sim. Era muito difícil descobrir infiltrados.
Muitos a gente detectou, mas tem gente que colaborou com a ditadura e
vai morrer incólume. A não ser que tenha dado uma mancada. Tem um
seminarista dominicano que a gente não sabe se ele já era colaborador
quando entrou. Depois, na USP, descobriram que ele era agente da
repressão. Ele sumiu do mapa durante uns cinco anos e então recebemos
informação de que ele tinha sido levado para um treinamento na escola da
CIA no Panamá. Quando eu saí da prisão ele reapareceu todo amiguinho
dizendo que estava com saudade e falei para ele, cara a cara, “não sei
se você é ou não é, mas não tenho a menor confiança em você e por favor
não me apareça mais”. iG – Essa paranoia durou até depois do fim da ditadura, não?
Cristina Gallo/Fotoarena
'Informação é poder', diz Frei Betto sobre espionagem pós-ditadura
FB – Quando saí da prisão fui morar numa favela em
Vitória e fiquei lá de 1974 a 1979. Já em 1977 comecei a voltar a São
Paulo para trabalhar com educação popular. Quando Fernando Henrique,
Almino Afonso e Plínio de Arruda Sampaio voltaram para o Brasil eles
vieram com a ideia de fundar um partido socialista. Eu, naquele momento,
estava no auge da mobilização pelas CEBs (Comunidades Eclesiais de
Base) e eles me convocaram para uma reunião na casa de um jornalista,
cujo nome não vou citar pois estou subjetivamente convencido que esta
pessoa era da repressão mas não tenho prova. Sei que me estranhou o fato
de ele ser um repórter e ter um padrão de vida tão alto. E tome vinho,
tome vinho, conversamos, eles tentavam me convencer que tinham a forma,
um partido socialista, e eu entrava com a massa, as CEBs. Eu respondi
que ia surgir um partido de baixo para cima, isso em 1978, por intuição,
e depois surgiu o PT em 1980. Marcamos outra conversa, o jornalista
insistiu para que fosse novamente na casa dele e isso acabou num
impasse. Até que um frade daqui, depois de muitos anos, me perguntou se
eu havia participado de uma reunião na casa de fulano, com Fernando
Henrique (Cardoso, ex-presidente) e Plínio (de Arruda Sampaio) etc.
Perguntei como ele sabia daquilo e o frade respondeu que um general
amigo dele ligado ao SNI foi quem contou. Aí caiu a ficha. Tinha muito
esse tipo de coisa. Recentemente peguei no arquivo público nacional todo
meu dossiê. Ele vai até 1992. E tem coisas absolutamente inverossímeis. iG – O senhor ainda toma algum cuidado especial? FB - Estou convencido de que isso existe até hoje. Não
que eles (militares) estejam me seguindo ou espionando. Mas tenho
certeza que o MST e até a Presidência da República, sim. Seria muita
ingenuidade nossa achar que o Planalto não é espionado. É o centro, o
coração do poder. Quando trabalhei no Planalto (no primeiro governo
Lula) duas coisas me chamaram atenção. Primeiro que todos os garçons
eram das Forças Armadas. E o garçom é a pessoa que entra no meio da
reunião, que enquanto está servindo o cafezinho fica escutando tudo,
fica amigo das secretárias, tem trânsito livre até na sala do
presidente. Não entra o ministro, mas entra o garçom. E outra coisa foi
num dia em que o Lula estava viajando, subi na sala do Gilberto Carvalho
(então chefe de gabinete da Presidência) e vi um pessoal na sala do
Lula cheio de equipamentos. Perguntei o que era aquilo e o Gilberto
disse que era o pessoal da varredura do Exército. Eu perguntei para o
Gilberto qual a garantia de que eles não tiram um equipamento de
gravação e colocam outro. Gilberto disse que nunca tinha pensado nisso. iG – Mas seriam os militares? FB – Sim. Os militares. iG – Com qual objetivo? FB – O objetivo é simples. Informação é poder. iG – O que se sabe é que existe uma grande rede de espionagem em Brasília mas por razões econômicas, chantagem etc. FB – Os militares neste ponto são mais... é como nos
EUA. A CIA não prende ninguém. Ela só trabalha com informação. Quem
prende é o FBI. É muita ingenuidade nossa pensar que tudo acabou. iG – Os militares teriam um projeto de retomar o poder? FB – Não. Eles têm o projeto de não serem surpreendidos e eventualmente até de manipular. iG – Eles são movidos pelo medo? FB – Não. É uma questão de inteligência militar mesmo. Colaborou Gisele Silva, iG São Paulo
O "mensalão" como operação de marketing e como golpe branco fracassado
Mais além dos fatos concretos, a operação de
marketing do “mensalão” merece fazer parte dos manuais de marketing
politico. Nunca na história brasileira uma criação dessa ordem foi capaz
de projetar e consolidar imagens na cabeça das pessoas, que as impedem
de entender o fenômeno e avaliá-lo na sua realidade concreta, porque sua
imaginação, seus instintos, já estão vacinados e conquistados pelas
imagens projetadas pela campanha.
Uma jornalista da empresa da
“ditabranda” entrevistou um dia a um parlamentar, presidente de um dos
partidos da base aliada do governo, que teve uma das pessoas indicadas
pelo partido para um cargo governamental, pego em flagrante , filmado,
com som, em operação de suborno. O partido que o indicou – PTB –
considerou que nao recebeu o apoio devido por parte do governo e seu
presidente resolveu ligar o ventilador.
Disse que o governo
pagava um “mensalão” a uma porção de gente. O jornal imediatamente
cunhou a expressão e deu inicio àquele tipo de campanha cuja reiteração,
por todos os órgãos da mídia privada, transformou a insinuação numa
verdade supostamente incontestável.
O que ficou na imaginação das
pessoas era literalmente que indivíduos chegavam no Palácio do Planalto
com malas vazias, entravam numa sala contigua à do Lula, enchiam de
dólares e saiam, mensalmente. A operação de marketing tornou-se um caso
de manual de marketing, pelo seu sucesso. A partir a insinuação de um
politico sem nenhuma respeitabilidade, se dava inicio à campanha, em que
a oposição – liderada pela mídia privada – considerava que terminaria
com o governo Lula.
Tudo foi se dando como bola de neve. O
próprio jornal da família que emprestou carros para órgãos repressivos
da ditadura cunhou o selo “mensalão”, com o qual cobria todas as
atividades políticas nacionais. Até a eleição interna do PT foi incluída
nessa rubrica.
Condenou-se moral e politicamente a dirigentes e
políticos ligados ao governo, com o objetivo de ferir de morte o governo
Lula, como repetição muito similar à crise de 1954, que terminou com o
suicídio de Getúlio. Dois então membros da equipe do Lula chegaram –
conforme entrevista posterior de Gilberto Carvalho – a ir ao Lula,
levando a proposta opositora: todas as acusações seriam retiradas,
inclusive o suposto impeachment, contanto que Lula renunciasse a se
candidatar à reeleição.
Tinham receio de propor impeachment,
pelas repercussões populares que poderia ter, então preferiam usá-lo
como ameaça. O tiro saiu pela culatra. Lula reagiu dizendo que sairia às
ruas para defender seu mandato, convocava os movimentos populares a
reagir à tentativa de golpe branco.
A oposição, depois da
cassação do Zé Dirceu, jogava, partindo do que considerava evidências
contra o governo, com a vulnerabilidade do governo, alegando que Lula
sabia dos fatos. Não foi o que aconteceu. Conseguiram várias cassações,
conseguiram diminuir o apoio do Lula mas, principalmente, deram a pauta
política do país.
O caso permitia desqualificar o Estado, o
governo Lula, o PT. O Estado, por definição, para a direita, é corrupto
ou corruptível. O governo Lula, o PT e os sindicatos teriam “tomado de
assalto ao Estado” e imposto seus interesses particulares. O diagnóstico
foi retirado diretamente do arsenal neoliberal.
Os governos de
esquerda no Brasil – Getúlio, Jango, Lula – não terminariam seus
mandatos. Fracassado o governo Lula, se cumpriria o prognóstico de um
ministro da ditadura: “Um dia o PT vai ter que ganhar, vai fracassar, aí
vamos poder dirigir o país com tranquilidade”.
Sob a forma do
impeachment ou da renúncia de Lula a disputar um segundo mandato ou,
ainda, com sua eventual derrota, asfixiado pela oposição – que já havia
dito que sangraria o governo, até derrotá-lo nas eleições de 2006 -, se
daria um golpe branco e a esquerda estaria desmoralizada e derrotada por
um longo período.
Mas não contavam com a capacidade de reação de
Lula e com os efeitos das políticas sociais, já em marcha. O povo, com a
consciência de que era o seu governo e que sua eventual derrubada
faria com que ele, povo, pagasse o preço mais alto da operação da
direita, reagiu. A oposição foi pega de supresa pelas reações, que
levaram à derrota da tentativa de derrubar o governo. Mais do que isso,
levaram à derrota do candidato da oposição – o duro e puro neoliberal
Alckmin –, porque a oposição também foi vitima da sua própria campanha.
Como esbravejava o Otavinho, na primeira reunião do comitê de direção da sua empresa: - Onde é que nós erramos?
Erraram
porque acreditaram que eram onipotentes. Afinal foi a mídia golpista
que levou o Getúlio ao suicídio, que promoveu o golpe militar que
derrubou o Jango e que, acreditavam, levaria o governo Lula à derrota e a
esquerda à desmoralização.
Foram derrotados em 2006, em 2010 e
tem todas as possibilidades de serem derrotados de novo em 2014. Mais do
que isso, tiveram que reconhecer que o prestígio do governo vem de suas
politicas sociais, que transformaram democraticamente o Brasil. Que seu
poder de fogo como cabeça da oposição é decrescente, que entraram em
decadência irreversível.
Agora, sete anos depois, tentam ainda
explorar o sucesso de marketing, espremendo tudo o que podem, raspando o
tacho da panela, buscando voltar a pautar o país em torno do seu
sucesso de marketing. Não se dão conta que o país mudou, que desde então
perderam duas eleições presidenciais, que o Estado brasileiro
reconquistou legitimidade por suas políticas sociais e pela sua ação de
resistência à crise internacional? Que as mídias alternativas ganharam
um poder de esclarecimento da opinião publica, que não tinham naquele
momento?
Mas não lhes restam outras armas, senão a de explorar o
embolorado tema do “mensalão”, para recordar como já foram bem mais
poderosos no passado. Seus outros argumento naufragaram: o Estado mostra
eficiência na condução do país, o livre mercado levou o capitalismo
internacional à sua pior crise em 80 anos, o povo reconhece que melhorou
suas condições de vida, apoia e vota no governo, as alianças
internacional da política soberana do Brasil projetam o país no plano
internacional como nunca antes, ao mesmo tempo que se mostram muito mais
eficazes do que o Tratado de Livre Comércio e a Alca que a direita
pregava.
Em suma, a história avançou desde 2005 e na direção da
derrota da oposição, da criação de uma nova maioria politica no pais. A
permanência do monopólio antidemocrático dos meios de comunicação é a
arma principal de que a direita dispõe e está disposta a usá-la até o
fim, na sua derradeira encenação: o julgamento do “mensalão”.
Mas
a história e a vida não se fazem com marketing. Nem mesmo mais vender
os produtos da sua mídia mercantil eles conseguem. Lula os derrotou,
demonstrando que se pode – e se deve – governar o país sem almoçar e
jantar com os donos da mídia. Porque Lula não teve medo da mídia,
condição –nas suas palavras – para que haja democracia no Brasil.
A primeira vez a encenação teve ares de tragédia – não consumada pela oposição. Esta segunda tem ares de farsa.
ocando 34 obras pelo Brasil, 25 delas do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o Exército passa agora a atuar também fazendo
projetos de engenharia. Em agosto, serão entregues à Infraero os planos
que podem destravar a expansão de três aeroportos, em Goiânia, Vitória e
Porto Alegre. O Exército já trabalha na terraplenagem do aeroporto de
Guarulhos e na construção da pista de São Gonçalo do Amarante (RN)
A
presença do Exército na ampliação do sistema aeroportuário está
ganhando uma nova dimensão. Além de trabalhar em obras estratégicas de
grandes aeroportos, como a terraplenagem de Guarulhos (SP) e a
construção da pista de São Gonçalo do Amarante (RN), a divisão militar
de engenharia começa a assumir outro tipo de trabalho. Em agosto, chegam
às mãos da Infraero os projetos de engenharia que podem destravar a
expansão de três aeroportos: Goiânia (GO), Vitória (ES) e Porto Alegre
(RS).
O lançamento de um plano de aviação regional, que espera a
aprovação da presidente Dilma Rousseff, abre espaço ainda para uma
tarefa adicional para o Exército. Ao liberar recursos para expandir o
número de aeroportos atendidos por voos regulares de companhias aéreas -
das atuais 130 para 200 localidades -, o governo não quer esbarrar na
falta de competência técnica. Por isso, pretende colocar o Instituto
Militar de Engenharia (IME) à disposição de Estados e prefeituras para a
elaboração de projetos que permitam aos aeroportos regionais receber
recursos da União.
O que motiva o governo a fortalecer a parceria
com os militares são os resultados obtidos até agora na maior porta de
entrada e saída do país. A terraplenagem do futuro terminal 3 de
Guarulhos, com previsão inicial de entrega em dezembro de 2013, foi
antecipada em 15 meses e deverá ser concluída em setembro deste ano. Com
isso, a nova concessionária do aeroporto - formada pela Invepar e pela
operadora sul-africana ACSA - fica com o caminho aberto para erguer um
terminal com capacidade para 12 milhões de passageiros/ano, até a Copa
do Mundo de 2014.
Tão impressionante quanto o ganho de tempo foi a
redução nos valores. A obra, que inicialmente foi orçada em R$ 417
milhões pela Infraero, já obteve uma economia de R$ 130 milhões e deverá
terminar com queda de 25% em relação ao custo original. Cerca de 150
militares trabalham na administração das obras de Guarulhos, que são
executadas por três empreiteiras subcontratadas pelo Exército.
Concluídos
esses empreendimentos, o contingente será imediatamente realocado para
outras frentes de trabalho, com o objetivo de acelerar outras obras
assumidas pelos militares. "Antigamente, não tínhamos esse conhecimento
técnico sobre o setor aeroportuário, trabalhávamos apenas em campos de
pouso e pistas na Amazônia. Hoje, temos essa capacitação e a tendência é
que entremos em novos projetos, à medida que formos chamados", disse ao
Valor o chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do
Exército, general Joaquim Maia Brandão.
O aeroporto de São
Gonçalo do Amarante (RN), concedido ao grupo Inframérica - uma aliança
da brasileira Engevix com a argentina Corporación América - e que
começará a funcionar em 2014, será uma das frentes a ganhar reforço. A
iniciativa privada ficou encarregada de construir o terminal de
passageiros e coube ao Exército entregar o sistema de pista e pátio de
aeronaves, com prazo até o fim do ano que vem.
Para acelerar as
obras, dois novos grupos estão sendo deslocados. Primeiro, o batalhão
que concluiu um dos lotes da transposição do rio São Francisco, em
Cabrobó (PE). Depois, o que vem trabalhando na BR-101, no Rio Grande do
Norte.
O general Brandão diz que o Exército ainda não alterou o
prazo de entrega de São Gonçalo (dezembro de 2013), mas admite a
possibilidade de antecipação do cronograma "dependendo das condições
meteorológicas". A pista de pouso e decolagem já foi concluída. Falta
ainda avançar nos serviços de drenagem, sinalização e balizamento.
As
equipes chefiadas por Brandão também estão trabalhando na reforma da
pista do aeroporto de Rio Branco (AC), fechada uma vez a cada 15 dias,
para as obras de recuperação. Mas é na área de elaboração de projetos
básicos e executivos de engenharia que podem surgir novidades nas
próximas semanas.
Em agosto, o Exército entregará os projetos
executivos para a ampliação da infraestrutura de pistas e pátios de
aeronaves em Goiânia e em Vitória.
Com isso, a expectativa da
Infraero é retomar obras completamente paradas há cinco anos. Em 2007,
após o Tribunal de Contas da União (TCU) ter encontrado indícios de
irregularidades nos contratos da estatal com as empreiteiras vencedoras
das licitações, as obras dos dois aeroportos foram interrompidas.
O
general admite que hoje o Exército trabalha à beira do limite, mas a
conclusão dos três projetos para a estatal pode abrir espaço para outras
parcerias nos aeroportos. Com um contingente de 15 mil homens em obras
de infraestrutura pelo país, o Exército procurar deslocar militares, em
vez de aumentar o efetivo. "Assumir novos projetos é uma decisão que
depende de convite da Infraero", diz Brandão.
O presidente da
Infraero, Gustavo do Vale, deixa o caminho aberto para continuar usando
os serviços dos militares. "Quando eles terminarem o que estão fazendo,
ficamos de conversar. Não abro mão da parceria que temos com o Exército.
Ela tem sido exitosa em todos os sentidos", diz.
Até agora, o
Exército teve três tipos de participação nas obras da Infraero: gestor
de contratos com empreiteiras, executor de obras e projetista. Entre as
modalidades, diz Vale, a tendência é intensificar os trabalhos de
administração - como ocorre em Guarulhos - e de execução dos
empreendimentos, caso de São Gonçalo do Amarante. Hoje há uma lista de
obras públicas à espera da "empreiteira" militar.
Foi um momento triste para a República a sessão do Senado que cassou o
mandato do senador Demóstenes Torres. Não por uma impensável
impropriedade da cassação, mas pelo que encerra de lamentável que um
homem público que se apresentava como paladino da ética perca um mandato
popular por agir de forma incompatível com ela.
A defesa de Demóstenes se resumiu a ele e a seu advogado. Quase
ninguém se levantou por ele. Nenhum dos seus defensores conseguiu
contrapor argumento que justificasse os quase cem mil dólares de
presentes que recebeu de Carlos Cachoeira ou os serviços que as
gravações da PF mostram que prestou ao criminoso.
Na defesa de Demóstenes, ele pediu desculpas pelas acusações que fez
aos seus pares enquanto exercia o cargo oficioso de locutor da Veja e do
resto de uma mídia que, em suas palavras, o tratou como ele fez que
tratasse a outros que, ao contrário de si, nunca foram flagrados nas
situações em que foi.
Demóstenes reconheceu “leviandade” nas acusações que fazia. A grande
reflexão que disso resulta, assim, é a de que fazia, irresponsavelmente,
as acusações que saiam na Veja, na Folha, no Estadão e na Globo E
reconheceu que os veículos que repercutia, na hora H, abandonaram-no
ferido na estrada.
A lição maior da cassação de Demóstenes, portanto, é a de que ninguém
está a salvo de se tornar alvo do furor acusatório e do moralismo.
Independentemente de sua culpa evidente, ainda haverá que prová-la
materialmente na Justiça. Sua cassação política, porém, veio embasada
por provas que não existiram contra seus alvos pretéritos.
A cassação de Demóstenes, enfim, insinua quanto ainda pode haver de
obscuro no furor acusatório do qual ele foi a principal expressão. É o
desmonte parcial de um esquema hipócrita que se esmerou na acusação sem
provas ou mínimas evidências que sobram contra si.
Dificilmente os poderes que construíram e sustentaram Demóstenes
conseguirão extrair o significado de sua derrocada, a derrocada da
hipocrisia, do moralismo e do açodamento. Todavia, o fenômeno oferece
esperança àqueles que almejam pelo funcionamento civilizado e
civilizador da política, que marcou um tento ao cassar a hipocrisia.
Enviado por luisnassif, sex, 06/07/2012 - 11:25Do O Globo 'Era como um trófeu de guerra', diz um dos roubados pela ditadura Sequestrado em 1977 relata maus-tratos por falso pai, condenado a 15 anos de prisão
BUENOS AIRES — Francisco Madariaga pôde comemorar nesta quinta-feira
seus 35 anos ao lado do pai, Abel, que conheceu há pouco mais de dois
anos, no último dia do julgamento sobre a existência de um plano
sistemático de roubo de bebês durante a ditadura. Madariaga nasceu numa
maternidade clandestina de Buenos Aires, em 1977. Sua mãe, Silvia
Quintela, fora sequestrada pelos militares quando estava grávida de
quatro meses e continua desaparecida. O bebê foi entregue a Victor
Alejandro Gallo - na época um oficial do Exército - e sua mulher, Susana
Colombo, condenados ontem a 15 e 5 anos de prisão, respectivamente.
Madariaga foi registrado como filho biológico deles e recebeu nome de
Alejandro Ramiro. Assim começaram uma história de abusos e maus tratos e
uma busca que terminou em fevereiro de 2010, quando Francisco descobriu
sua verdadeira identidade e teve a sorte de ter um pai vivo e que o
estava esperando. O GLOBO: Como era sua vida antes de conhecer sua identidade? FRANCISCO MADARIAGA: Fui roubado e para os que me
roubaram eu era como um troféu de guerra. Recebi maus-tratos físicos e
psicológicos desde muito pequeno. O militar que me roubou me agredia
como se eu fosse seu inimigo. Cada vez que voltava do trabalho, ele
praticava violência contra mim e fazia coisas terríveis. Foram anos de
muito sofrimento. Lembro-me de que ele me fez pendurar no pescoço, como
um colar, uma bala que usou numa operação contra opositores da ditadura.
Perversões nunca vistas. Você pode contar como era exercida essa violência física? MADARIAGA: Ele tentou me afogar numa piscina, fazia
comigo as mesmas coisas que fazia com presos políticos nos centros
clandestinos de tortura. Quantos anos você tinha quando começou a se perguntar se realmente era filho dessas pessoas? MADARIAGA: Demorou muito, pois fui criado com medo,
eles fizeram o possível para que eu nunca soubesse a verdade. Tentaram
me doutrinar, para que eu pensasse como eles, mas comigo não
conseguiram. Quando as dúvidas começaram? MADARIAGA: Na escola meus amigos me diziam que eu
não me parecia com ninguém da minha família e aos 20 anos eu já sentia
que carregava um peso muito grande nas minhas costas. Demorei outros 12
anos para me aproximar das Avós da Praça de Maio, e nesse período minha
vida ficou paralisada. Como era a sua relação com o casal que o criou? MADARIAGA: Aos 16 anos fiquei sozinho com meus
supostos irmãos, porque meu suposto pai foi preso por diversos delitos e
minha mãe foi internada numa clínica psiquiátrica. A partir desse
momento perdi contato direto com eles. Minha suposta mãe era uma pessoa
desequilibrada, e hoje ela tenta se defender dizendo que também era
maltratada pelo marido, que estava ameaçada, mas é tudo uma grande
mentira. Ela nunca explicou por que e como eu fui roubado. Meu suposto
pai é um criminoso, que nunca se arrependeu do que fez. Os advogados da
acusação pediram 25 anos de prisão para ele e 16 para ela, espero que
sejam condenados (a entrevista aconteceu horas antes da sentença). Esse é um julgamento histórico para a Argentina... MADARIAGA: Somos parte de um plano orquestrado pela
ditadura para torturar suas vítimas e as famílias de suas vítimas.
Porque a busca de um filho ou de um neto também é um tipo de tortura.
Esse julgamento é importantíssimo porque a Justiça julgou e condenou os
militares e seus cúmplices pelo crime que as avós estão denunciado há
mais de 30 anos. Finalmente foi provado que existiu um grupo dedicado a
roubar bebês e entregá-los a famílias ligadas aos militares. A sociedade
sabe o que aconteceu, mas faltava a palavra da Justiça. Como é sua relação com o seu pai? MADARIAGA: Trabalhamos juntos (na associação das
Avós da Praça de Maio) e nunca falamos sobre os 32 anos durante os quais
estivemos separados. Pensamos apenas em estar juntos e aproveitar o
presente que a vida nos deu. Em meu coração tenho um pedaço escuro, pois
não conheci minha mãe e minha avó, mas o resto deve ser preenchido com
vida.
“Obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição
oposicionista deste País, já que a oposição está profundamente
fragilizada”. (Judith Brito, presidenta da Associação Nacional de
Jornais (ANJ) e executiva do Grupo Folha de São Paulo, em 18 de março de
2010).
“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária,
demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”.
(Joseph Pulitzer – 1847/1911)
Há 30 anos lido com o jornalismo —
a partir de 1981. Formei-me na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) em meados da década de 1980. Naquele tempo eu via a imprensa, a
chamada “grande” imprensa como um instrumento de proteção da sociedade,
além de considerá-la, apesar de pertencer à iniciativa privada e
comercial, entidade democrática disposta a defender as liberdades de
pensamento, de expressão, com o propósito de, por exemplo, apoiar ações
que efetivassem a distribuição de renda, de terras, enfim, das riquezas
produzidas pelos trabalhadores e acumuladas pelos empresários deste
imenso País injusto. Eu era jovem, inexperiente e, além disso, no País
não existia liberdade democrática, havia a censura, as pessoas não
falavam de política no dia a dia, o que dificultava ainda mais perceber
os reais interesses da imprensa empresarial. Como me formei na metade da
década de 1980, cujo presidente da República era o general João
Figueiredo, via a imprensa como um segmento que lutava em favor de uma
sociedade que se tornasse justa, democrática e livre, processo este que
somente acontece por intermédio da implementação constante de justiça
social, por meio de políticas públicas desenvolvimentistas e
distributivistas.
Naquele tempo, vivíamos em um regime de força,
que teve seu auge nos idos de 1967 a 1977, a imprensa, recém-saída da
censura, que “terminou”, definitivamente, em 1978, era vista por mim,
jovem jornalista, como um instrumento de resistência aos que
transformaram a República brasileira em uma ditadura militar, com a
aquiescência e o apoio financeiro e logístico de influentes segmentos
econômicos da sociedade civil, que viram na ascensão dos militares ao
poder uma forma também de aumentar seus lucros, sem, no entanto, serem
alvos de quaisquer questionamentos, já que havia a censura e a oposição
partidária à ditadura se encontrava em um momento de perseguição
política e sem voz ativa para ser ouvida, inclusive pela grande imprensa
que, por ser comercial, bem como o braço ideológico das elites
econômicas brasileiras, aliou-se aos novos donos do poder.
O
jornalista minimamente alfabetizado, experiente e informado,
independente de sua formação cultural, política e ideológica,
independente de sua influência profissional e de seu contracheque, sabe
(ou finge não saber) que os proprietários da imprensa privada são
megaempresários, inquilinos do pico da pirâmide social mundial e
pontas-de-lança dos interesses do capital. A imprensa burguesa censura a
si mesma, quando considera que os interesses empresariais estão a ser
contrariados. O faz de forma rotineira, ordinária, e expurga de seus
quadros aqueles que não se unem ao pensamento único do Partido da
Imprensa, que é o de disseminar, ou seja, propagar, aos quatro cantos,
que não há salvação fora do mercado de ações, dos jogos bancários, da
especulação imobiliária e da pasteurização das idéias, geralmente
difundidas pelos doutores, mestres e professores das universidades e dos
órgãos de supremacia e de espoliação internacional, como o BID, o Bird,
o FED, a ONU, a OEA, a OTAN, o FMI, a OMC e a OMS.
Paralelamente,
o Partido da Imprensa elege como adversários aqueles que contestam o
sistema do capital como ele o é, ou seja, concentrador de renda, e
exigem que ele se democratize no sentido de ele diminuir as diferenças
entre as classes sociais e com isso efetivar uma equiparação, uma
equanimidade entre os indivíduos que compõem o tecido social das nações
que integram o planeta e são vítimas da geopolítica, que na verdade é a
principal ferramenta do apartheid social e econômico entre os países. Os
inimigos da imprensa burguesa geralmente são os políticos que têm uma
visão soberana em relação ao país que administram e acreditam em idéias e
ideais que qualifiquem os homens como iguais. São políticos que
elaboram e adotam programas distributivistas. São políticos
nacionalistas, como os presidentes estadunidenses, porém sem ser
xenófobos, e que lutam pelo desenvolvimento do país, a fim de conquistar
tecnologias e pesquisas científicas próprias, ter o controle das
diferentes energias, além de acreditar em uma diplomacia não alinhada
aos países hegemônicos, com o objetivo de efetivar uma relação de igual
para igual e não subordinada e servil, como muitos jornalistas do
Partido da Imprensa, a soldo de seus patrões, de forma inadvertida e
irresponsável apregoam e desejam.
A imprensa comercial acusa e
sentencia, difama e calunia, dissimula e desinforma e mente se preciso
for e se julgar que determinado governante não vai ler por sua cartilha,
que é a mesma dos grandes conglomerados e trustes internacionais.
Porque, como disse anteriormente, a imprensa é ponta-de-lança dos
interesses do sistema capitalista excludente, além de ser seu braço
ideológico. Ela é a vitrine desse modelo expropriador, useiro e vezeiro
em propiciar o infortúnio e a derrota daqueles que ousaram um dia
colocar em prática e até mesmo somente defender a tese, por exemplo, de
um Brasil forte, independente e soberano. Caro leitor, o que concorda ou
não comigo, a imprensa é necessária e tem de ter liberdade para
informar, mas não deve e não pode tomar partidos, defender grupos e
tentar pautar as instituições republicanas. Ser jornalista não é
sinônimo de ser intelectual, dono e juiz da verdade, infalível ou senhor
do poder. Ser jornalista é ouvir e compreender, se for possível, o
pensamento, as idéias, os ideais, as opiniões, as teses, os projetos, os
programas, os propósitos, as atitudes, as ações e até mesmo as
ideologias dos atores sociais, políticos e econômicos.
O
jornalista é a ponte que une o ator social e a informação à população,
ao povo, apenas isso e nada mais. Se o jornalista quer pautar a
sociedade e as suas instituições ele já tomou partido, e, como o termo
explicita, partidas serão suas opiniões. Portanto, o mais correto é se
filiar a um partido político, conquanto que não seja, todavia, o Partido
da Imprensa, que não disputa voto e, por ser ousado e não se olhar no
espelho, quer fazer da República Federativa do Brasil seu feudo,
conforme sua vontade, fato que foi provado, reiteradamente, nas questões
relativas à luta pela terra por parte do MST, nas questões concernentes
às reivindicações trabalhistas e salariais dos trabalhadores dos
setores público e privado, nas questões referentes às eleições para
presidente, governadores e prefeitos e nas questões tangentes às crises
políticas que derrubaram presidentes como Getúlio Vargas e João Goulart,
bem como na questão que influenciou na derrota do candidato Luiz Inácio
Lula da Silva nas eleições presidenciais de 1989, bem como na tentativa
de golpe contra o presidente Lula em 2005, além de ter perseguido,
incessantemente, políticos da envergadura de Juscelino Kubitschek,
Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes, Miguel Arraes e até mesmo Ulysses
Guimarães, muito menos palatável para o Partido da Imprensa do que
Tancredo Neves.
O Partido da Imprensa combate tudo aquilo que
possa dividir as riquezas deste País, no que tange à redistribuição de
renda. Quase todos os programas sociais e econômicos apresentados no
Brasil não tiveram o apoio da imprensa hegemônica. Além do mais, a
imprensa combateu e combate ferozmente as políticas públicas
independentes e desenvolvimentistas executadas por Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, João Goulart, Luiz Inácio Lula da Silva e agora,
de maneira dura, o governo da presidenta Dilma Rousseff. E isto é só o
começo. O Partido da Imprensa vai recrudescer seus ataques a Dilma
quando ele desistir, totalmente, de fingir apoio moderadíssimo à
governante, para depois, evidentemente, voltar à carga total no que é
relativo aos seus ataques ao Governo, ainda mais quando ficar claro quem
vai ser o candidato da direita nas eleições para presidente da
República em 2014.
Para se ter uma idéia da desfaçatez e da
insensatez do Partido da Imprensa, ele combateu a criação da Petrobras,
da Vale do Rio Doce, da CSN e das leis trabalhistas — a CLT. Em
compensação, apoiou as tentativas de golpe em 1932, em 1938 e em
1954/1955, além de participar dos golpes militares de 1945 (“golpe
branco”) e de 1964. A imprensa golpista sempre se aliou aos partidos
conservadores, notadamente com a UDN de Carlos Lacerda, Eduardo Gomes e
Juarez Távora, partido moralista e elitista, que recebia o apoio dos
empresários e de parte da classe média de perfil conservador.
Posteriormente, a UDN mudou a sigla e passou a ser conhecida como Arena
no governo militar, depois PDS para, anos depois, virar PFL que, em
2007, finalmente, passou a se chamar Democratas — o DEM.
Como a
direita brasileira tem no máximo 30% dos votos, tanto que sempre andou a
reboque de partidos de centro e de centro esquerda, o DEM (PFL), por
exemplo, aliou-se, em 1989, a Fernando Collor e a seu minúsculo PRN. Em
1994, teve de se aliar ao PSDB para chegar ao poder, com seu
vice-presidente Marco Maciel, o que foi ratificado nas eleições de 1998.
No período Lula, nos anos 2000, a agremiação conservadora continuou
como vagão dos tucanos. Antes, em 1960, o DEM, que é a UDN, apoiou Jânio
Quadros, que foi eleito presidente pelo pequeno PDC. Todavia, os
udenistas não confiavam em Jânio, considerado um político independente,
porque transitava pelos espaços da direita e da esquerda, o que não
agradava os direitistas, que desde 1930 sonhavam assumir novamente o
poder, como nos tempos da República Café com Leite. Jânio, tal qual o
Collor, não “dialogava” com o Congresso.
Como se percebe, o DEM
nunca teve força política para chegar à Presidência da República como
partido hegemônico. Enfim, chegou ao poder em 1964, por meio de um golpe
militar que derrubou o presidente trabalhista João Goulart, eleito
constitucionalmente pelo voto direto. Naquele tempo o vice-presidente
era eleito separadamente. Não existia a chapa vinculada. Todos esses
fatos tiveram o apoio do Partido da Imprensa, que é empresarial e apoia e
sempre apoiou políticas econômicas artificiais como o é o
neoliberalismo, que fracassou e hoje até o FMI, guardião desse fracasso,
avisa aos maus navegantes, como ele, que vai modificar seu processo de
ajuda, de coordenação e de fiscalização das políticas públicas,
econômicas e financeiras receitado aos países pobres e em
desenvolvimento.
No Brasil, na América Latina, na Ásia e na África as receitas
econômicas e financeiras do Bird e do FMI causaram problemas sociais tão
graves que mesmo os governantes neoliberais dos países dessas regiões
perceberam que não dava para continuar o processo de espoliação desses
povos, sem que seus governos caíssem ou fossem derrubados. Mesmo assim,
os conservadores, os direitistas do mundo empresarial e político, no
Brasil leia-se DEM, Fenaban, Fiesp, agronegócios e, principalmente,
Partido da Imprensa, continuaram a apregoar o que não deu certo, o
indefensável e o que causou dor aos mais pobres, aos mais fracos e aos
que não podem se defender.
O Partido da Imprensa, com seus
profissionais bem pagos e com a cabeça feita por Wall Street e pelo
Consenso de Washington de 1989, prosseguiram, de forma ridícula, sem ao
menos ponderar suas palavras levianas, a apregoar um modelo econômico
verdadeiramente contrário aos interesses da Nação até que, por
intermédio de eleições, os defensores dessa política econômica burra e
nefasta foram afastados do poder, tanto no Brasil quanto em muitos
outros países. Não se compreende, até hoje, o que leva algumas elites a
fazer gol contra. Mas se compreende que, ao contrário do que afirmam os
gurus do capitalismo de mercado que estabelecem regras somente para os
mais pobres e os mais fracos e dizem se preocupar em assegurar a
efetivação de um estado de bem-estar social, que dignifique a pessoa
humana, sabemos que o que importa à grande imprensa e a direita política
do planeta é perpetuar os privilégios daqueles que fazem parte de sua
classe social — os ricos e os muito ricos.
Há uma espécie de
seres humanos que dá pena. Acha que riqueza é genética, é biologia.
Quando na verdade a riqueza é um processo que envolve milhões, quiçá
bilhões de pessoas que a produz. Não é uma questão biológica. É uma
questão econômica e financeira que precisa, deve e pode ser calculada e
equacionada no sentido de distribuí-la. Se dinheiro e bens materiais
fossem parte de nossa biologia nasceriam com a gente e seriam conosco
levados ao caixão. Não consigo entender como alguns jornalistas que se
alimentaram adequadamente, que estudaram em boas escolas, que têm
capacidade de discernir se tornaram tão pusilânimes, cínicos,
dissimulados, covardes e mentirosos. Eles são um contra-senso em toda
sua essência e a burrice em toda sua plenitude. Somente alguns advogados
atingem a tanta incongruência.
A imprensa é parcial. Sua voz e
seus canais de comunicação pertencem aos que controlam e dominam o
mercado de capitais e os meios de produção, pelo simples fato de a
imprensa ser o próprio, o espelho que reflete a imagem do sistema. Ela
traduz os valores e os princípios do modelo econômico hegemônico. Ela é o
principal e o mais importante tentáculo do sistema capitalista. Ela é a
sua alma e a sua voz. Não há poder pleno sem o apoio da imprensa, para o
bem ou para o mal. Seja qual for o poder, a imprensa não abre mão de
manter os privilégios do segmento empresarial. Ela até compõe, mas
ressalta seus interesses e resguarda os privilégios. Não há hegemonia de
uma classe social sobre as outras sem o controle dos meios de
comunicação. E é este processo, draconiano, que acontece no Brasil e na
América Latina.
O acesso da maioria das populações ao
crescimento social e ao desenvolvimento econômico acontece a
conta-gotas, milenarmente. No caso do Brasil, secularmente. É como
acontece em jogos de futebol, quando o time que está a ganhar passa
tocar a bola, à espera de o tempo passar, à espera de o jogo terminar.
Os barões da imprensa, como patrões seculares, querem o fim do jogo e
para isso eles precisam pautar os poderes constituídos e, inclusive, não
raramente, questionar cláusulas pétreas da Constituição, como, por
exemplo, os capítulos voltados ao trabalho e aos meios de comunicação.
Meia dúzia de famílias quer o controle total e irrestrito dos meios de
comunicação. Meia dúzia de famílias brasileiras, ao representar o grande
empresariado nacional e internacional, quer a flexibilização das leis
trabalhistas, constituídas pelo estadista Getúlio Vargas, que se matou
em 1954 para não ser derrubado, mais uma vez, pela UDN, pelos militares,
pelo empresariado e pela imprensa. Getúlio teve de se matar para adiar o
golpe militar por dez anos, o que ocorreu em 1964.
Para isso,
os barões da imprensa contratam jornalistas de confiança. Os jornais
criticam os cargos de confiança no âmbito governamental, mas não
criticam seus cargos de confiança, pagos a soldos altos, para que certos
profissionais façam o papel de defensores do status quo, do
establishment, razão pela qual talvez tenhamos uma das elites mais
cruéis e alienadas do mundo, totalmente divorciada dos interesses do
povo brasileiro, há mais de cinco séculos. Tudo o que é feito em prol do
povo, os homens e as mulheres de imprensa, os que ocupam cargos de
mando, chamam de populismo. Mas tiveram a insensatez e a ignorância
política em defender o neoliberalismo, que fracassou de forma inapelável
e retumbante. Até mesmo jornalistas considerados experientes como o
Renato Machado e a Renata Vasconcellos, do “Bom Dia Brasil” da TV Globo,
saudaram, da forma mais imprudente e capciosa possível, o golpe
sofrido, em abril de 2002, pelo presidente constitucional da Venezuela,
Hugo Chávez, que foi, inclusive, absurdamente seqüestrado, com o apoio
da CIA do governo de George Walker Bush, que se antodenominava o senhor
da guerra.
Meu comentário não visa constranger o Renato Machado,
até porque não o conheço. Cito apenas um fato real, de conhecimento
público, notório e que ficou na memória e na retina de muitos
brasileiros, porque a saudação ao golpe foi incrivelmente surreal, um
despropósito. Renato Machado, de perfil político conservador igual a
tantos outros jornalistas, apenas, talvez até inconscientemente,
comemorou a queda, mesmo através da violência, de um homem constituído
presidente, pois eleito pela vontade do povo. Machado simplesmente
reflete o desprezo do Partido da Imprensa em relação aos interesses da
sociedade, em relação às determinações e aos desejos da sociedade civil.
Não há nenhuma surpresa. O Partido da Imprensa age assim, mostra-se
assim, só que, muitas vezes, inversamente ao Machado, apresenta-se de
forma dissimulada.
Renato Machado no dia seguinte à sua
comemoração em referência ao golpe contra o presidente venezuelano
apareceu visivelmente constrangido. Acho que ele não tinha dimensionado
sua atitude. Sua imagem, pálida e assustada, como se tivesse levado um
grande susto ou uma bronca deveria ser gravada pelas pessoas alheias ao
jornal matutino da TV Globo, com a finalidade de ser levada às escolas
de comunicação para servir de exemplo aos futuros jornalistas como NÃO
se deve proceder ou conduzir sua profissão. Foi realmente lamentável.
Mas não foi uma surpresa. O Partido da Imprensa trabalha assim. Saímos
da ditadura militar para a ditadura da imprensa. Igualmente os meios de
comunicação hegemônicos apoiaram o golpe de estado em Honduras, sem
vacilar, inclusive criticaram, com veemência, por intermédio de suas
manchetes, de seus colunistas e comentaristas, a decisão do Governo
brasileiro de receber em sua embaixada o presidente deposto de Honduras,
Manuel Zelaya. Empresários e militares hondurenhos efetivaram o golpe,
com apoio do governo dos Estados Unidos. O Partido da Imprensa, aqui no
Brasil, ficou entusiasmado. Desconfio que até hoje os próceres da
imprensa estão a brindar o golpe de estado, e devem sonhar com o ano de
1964 — saudosamente.
Dentre os muitos erros perpetrados pelos
militares, um dos maiores foi a censura aos meios de comunicação. E por
quê? Porque hoje, no regime democrático, a imprensa se recusa a ser
regulamentada como acontece com outros setores da sociedade e, por que
não, do mercado. Ela usa como argumento que criar, por exemplo, o
Conselho Federal de Jornalismo é tentar censurar a imprensa, o que não é
verdade. Criar o Conselho é regulamentar os meios de comunicação, que
não podem deixar de ser fiscalizados, como o são os juízes, os médicos,
os advogados, os professores, os arquitetos e engenheiros, os
economistas, os contadores, os políticos etc. etc., por intermédio de
seus órgãos de classe profissional.
Para evitar a criação do
Conselho Federal de Jornalismo e de uma política que funcione como marco
regulatório para os meios de comunicação, o Partido da Imprensa usa
como argumento, há muito tempo surrado, que tentar regulamentar a
imprensa é censurá-la, como ocorreu na ditadura militar. A verdade é que
os barões da imprensa e seus jornalistas de confiança não querem a
democratização dos meios de comunicação, porque não querem responder,
como os outros profissionais, pelos seus erros, muitas vezes
exemplificados em calúnias, difamações, omissões, distorções e
manipulações das informações noticiosas, além da clara intromissão no
processo político brasileiro, ao tomar partido de determinado candidato,
geralmente de perfil conservador e elitista.
Além disso,
extinguiram a Lei de Imprensa, sem antes, no entanto, criarem
instrumentos que a regulamente, como, por exemplo, a Ley dos Medios
aprovada na Argentina. Absurdo dos absurdos é deixar uma imprensa, uma
mídia de passado golpista e mercantil sem um marco regulatório. A
presidenta Dilma não pode e não deve deixar de regulamentar e criar
regras para o setor dos meios de comunicação de perfil empresarial e
comprometido com os interesses geopolíticos dos Estados Unidos e com o
grande empresariado nacional e internacional. Uma presidenta trabalhista
como a Dilma jamais deveria vacilar quanto à elaboração e aprovação de
uma Ley dos Medios para o Brasil e o seu povo trabalhador. Seria uma
séria imprudência. Lembremo-nos de Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel
Brizola e do presidente Lula, todos perseguidos pela imprensa privada,
de forma dura e desumana. Dilma sabe disso. Ela fez carreira política no
berço do trabalhismo brasileiro, que é o Estado do Rio Grande do Sul, e
viu o presidente Lula comer o pão que o diabo amassou durante oito
anos.
Não é necessário ser um especialista em “assuntos de
imprensa” para perceber que ela é um desastre em relação aos interesses
da sociedade. Ditatorial, raivosa e vaidosa não mede conseqüências para
fazer do processo político brasileiro uma novela de má qualidade
textual, cujo objetivo é somente a manchete, chamariz comercial para a
imprensa vender e ganhar muito dinheiro, mesmo se for com o linchamento
moral de terceiros, muitos deles, depois comprovado, sem culpa no
cartório.
Sua atuação é incompetente, porque, sistematicamente,
não tem ouvido nenhuma das partes implicadas ou envolvidas em quaisquer
fatos, mas sim ouvido a si mesma, por meio de suas deduções e de seu
raciocínio ardiloso, intelectualmente desonesto, que visam confundir o
público e assim garantir seus interesses. Por tudo isso, o Partido da
Imprensa é contra qualquer criação de órgão que possa acompanhar seus
passos, como o Conselho Federal de Jornalismo e o Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH-3). Além do mais, os barões da imprensa se
recusaram a participar da Conferência Nacional de Comunicação
(Confecom), realizada em dezembro de 2009, que estabelece novo modelo
para o setor, que atualmente é um monopólio de meia dúzia de famílias,
que combatem os avanços sociais da sociedade brasileira. O documento
elaborado no evento vai ser analisado e avaliado pelos poderes
constituídos, para depois se transformar ou não em lei. Os empresários
proprietários da imprensa e da mídia comercial não querem debater e
negociar nada. Querem que as coisas fiquem como estão, o que não será
possível, ainda mais que Dilma Rousseff venceu as eleições para
presidente em 2010. Evidentemente que alguma coisa vai mudar.
A
arrogância e a prepotência de meia dúzia de famílias que controlam os
meios de comunicação no Brasil não favorecem a democratização da
imprensa, o que impede que ela, de fato, trabalhe em benefício do
desenvolvimento social do povo brasileiro, em vez de ficar a distorcer
realidades ou criar fatos, muitos deles sem fundamento, mas, contudo,
propositais, pois a finalidade é confundir a sociedade e,
conseqüentemente, proteger ou concretizar seus interesses e do grande
empresariado, geralmente financeiros e econômicos. Essas atitudes,
sobremaneira, prejudicam as atividades daqueles que são incumbidos pelo
povo para administrar os três poderes.
A imprensa quer falar
pelo povo e representá-lo, mas não disputa eleições e não concorre a
cargos públicos. Ela não tem voto. A imprensa é tão arrogante e
ignorante que confunde opinião pública com opinião publicada. A imprensa
publica e opina, por meio de matérias combinadas, de editoriais, de
articulistas e de colunistas. Por isso, sua opinião é publicada. Ela
paga a profissionais para publicar suas opiniões sobre determinado
assunto. Por sua vez, a opinião pública é feita, é realizada e é
concretizada por intermédio do voto. Portanto, o voto é a opinião
pública. Palavra e opinião de jornalista ou de quaisquer outras pessoas
que atuam em outros segmentos é opinião publicada. Então, vamos ver se a
imprensa entendeu: 1) jornalista = opinião publicada, que, por sinal,
tem valor. 2) povo = opinião pública = o voto, que, por sinal, tem muito
mais valor. É isso aí. --
*Davis Sena Filho trabalhou em Câmara
dos Deputados, Correio Braziliense, Funasa, Editora do Ministério da
Saúde, Radiobras, Jornal de Brasília, Tribuna da Imprensa, SBT, Câmara
Legislativa do DF, entre outros. Viveu em Brasília, Campo Grande, Uberaba.